Após a revolução feminina da década de 60, muitas mulheres passaram a buscar a valorização profissional e de gênero na sociedade. Quase 60 anos depois, elas já aparecem em lugar de destaque em áreas consideradas exclusivamente masculinas, como na construção civil e no campo político. No agronegócio não poderia ser diferente: estudos revelam o significativo aumento da participação da mulher no campo, e a tendência para os próximos anos é de que mais mulheres passem a exercer atividades rurais.
Apesar das boas perspectivas, ainda é grande o abismo que insere as mulheres do meio rural em condição inferiorizada frente aos homens. Em pesquisa realizada pela Corteva Agriscience, no ano de 2018, com 4.157 mulheres atuantes no agronegócio em 17 países, é possível observar que no Brasil:
- A discriminação de gênero é uma realidade, confirmada por 78% das entrevistadas;
- Em 49% das respostas, a remuneração é menor que a dos homens nas mesmas funções;
- Para 42% das entrevistadas, o acesso a financiamentos é mais restrito, em comparação aos homens.
Este recorte nos mostra que ainda há muito a ser conquistado, apesar dos avanços em relação à participação feminina no campo. Diante da crescente representatividade feminina no setor agro, a Organização das Nações Unidas – ONU instituiu o Dia Internacional da Mulher Rural, celebrado em 15 de outubro. Hoje as mulheres com atuação no agronegócio já ocupam 43% da força de trabalho, porém muitas almejam alcançar melhores resultados no setor, por meio de investimentos em aperfeiçoamento profissional e melhoria do acesso à tecnologia.
A Ideagri participa na defesa das mulheres no agronegócio
A Ideagri, consciente da importância do papel da mulher no agronegócio, realizou estudo sobre o perfil das mulheres que exercem funções nas 90 fazendas produtoras de leite que obtiveram a melhor pontuação no Índice Ideagri do Leite Brasileiro – IILB 3, produzido em setembro de 2019. Os resultados constataram que 30% do total das fazendas são administradas ou possuem mulheres em papel de relevo, tanto na gestão como na assistência técnica. A pesquisa também identificou que a desigualdade de gênero é um entrave para a ampliação do quantitativo de mulheres no setor rural. Segundo relato de 74% das entrevistadas, o enfrentamento de barreiras relacionadas ao fato de ser mulher é uma realidade que foi sentida na própria pele.
Apesar disso, para Heloise Duarte, CEO da Ideagri, “o protagonismo e a capacidade de observação e análise globais das mulheres devem avançar com mais força no setor do agronegócio”. Diante de um cenário promissor à participação mais efetiva da mulher no meio agro, iniciativas com foco na transformação social e na valorização da presença feminina no campo se tornam imprescindíveis.
Quando questionadas sobre suas perspectivas para o futuro, as mulheres rurais participantes do estudo Ideagri demonstram otimismo, ao revelar que pretendem crescer na atuação no agronegócio e se aprimorar tecnicamente. Nenhuma delas demonstrou descontentamento com a profissão ou o desejo de sair da área. Assim, é preciso criar mecanismos de fomento à maior participação da mulher no campo, com vistas à melhoria do acesso a cursos de formação, aperfeiçoamento e capacitação.
Por isso o dia 15 de outubro significa um divisor de águas para um novo cenário que vem se descortinando nas expectativas das mulheres agro. Para fomentar a maior participação da mulher no agronegócio, é necessário ouvir atentamente o que as mulheres rurais pensam sobre o futuro das suas profissões e incentivar mudanças na sociedade, como meio de se atribuir à mulher do campo a representatividade a que faz mérito.