Não é novidade que a água é fundamental para a produção animal e a falta dela impacta no crescimento, bem-estar e saúde do rebanho.
Não é novidade que a água é fundamental para a produção animal e a falta dela impacta no crescimento, bem-estar e saúde do rebanho.
A água é fator primordial em todos os sistemas de produção, porém é um recurso que já se encontra escasso em várias partes do mundo. Na produção animal ela é fundamental tanto para a dessedentação dos animais como para a higienização das instalações. Por isso, deve estar disponível em quantidade e qualidade.
Assim, quando o tema qualidade da água é abordado, é importante compreender que ele não se refere apenas a um estado de pureza, mas também às características químicas, físicas e biológicas. Esses são fatores que influenciam a ingestão e estão altamente correlacionados com diversos fatores que influenciam o bem-estar e a produção animal.
O suprimento adequado de água de boa qualidade irá garantir inúmeras funções orgânicas nos bovinos, tais como:
Assim, se torna um recurso natural tão importante quanto carboidratos, proteínas, minerais e vitaminas.
A água também é um fator de impacto para o desempenho dos animais, pois é possível observar uma correlação positiva entre a ingestão de água e o consumo de matéria-seca. Assim, o animal apresenta resultado superior no consumo quando verificado maior disponibilidade de água.
Em contrapartida, animais com acesso a água de baixa qualidade contaminada por fezes, algas e sujidades tendem a ingerir menos água, com efeito negativo no pastejar, e – consequentemente – redução no consumo de matéria-seca.
Contaminação da água no sistema produtivo
Os bebedouros naturais ou artificiais, construídos diretamente no solo, possibilitam o acesso dos animais ao seu interior, o que favorece a contaminação das águas com fezes e
urina. A deposição de fezes e urina do gado, dependendo da quantidade de animais, pode
aumentar consideravelmente os níveis de coliformes fecais e outros microrganismos maléficos aos animais. Com isso, os índices de enfermidade no rebanho podem se elevar consideravelmente.
Água considerada de baixa qualidade é aquela que apresenta elevada acidez e alcalinidade, presença de minerais de traços tóxicos como flúor (F), selênio (Se), ferro (Fe) e molibdênio (Mb), presença de nitrogênio (N) (que indica decomposição de matéria orgânica e alto conteúdo de sólidos totais dissolvidos). Além disso, alta contagem de bactérias (coliformes fecais ou não, Streptococcus, Pseudomonas) e população elevada de algas verdes e azuis.
A temperatura da água também é um fator importante para o animal. Quando ofertada em condições propícias, auxilia na digestão, em contrapartida, temperaturas elevadas favorecem a proliferação de micro-organismos patogênicos.
A contaminação constante pelos dejetos dos animais leva à eutrofização, um enriquecimento artificial causado pelo aumento das concentrações de nutrientes na água, principalmente por compostos nitrogenados e fosfatados.
Em condições naturais a eutrofização associada a elevadas temperaturas e longos períodos de estiagem, podem ocasionar maior evaporação da água e consequentemente uma elevação na concentração de nutrientes considerados tóxicos. Dessa forma, manter os bebedouros sempre limpos e higienizados permite oferecer água de qualidade para os animais, garantindo saúde e rentabilidade do sistema produtivo.
Considerações finais
Para uma pecuária sustentável, é necessário realizar o aproveitamento dos recursos naturais, tendo em vista a preservação e conservação deles, incluindo o uso da água. A falta de água com qualidade para dessedentação dos animais tem como consequências a redução do crescimento, do bem-estar e da saúde e o aumento do estresse, resultando em consideráveis impactos negativos nos fatores zootécnicos e econômicos.
Autora do artigo:
Luana Molossi.
AgriSciences | Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais (ICAA), Universidade Federal de
Mato Grosso (UFMT).