Os dados do IILB BEA (Índice Ideagri do Leite Brasileiro – Bem-Estar Animal) mostram que eficiência e Bem-Estar Animal são objetivos complementares
A próxima edição do IILB – Índice Ideagri do Leite Brasileiro, de número 9 (IILB 9), apresentará os dados de desempenho zootécnico do ano de 2020, consolidando o segundo ano completo de análises. Como já é de costume, cada edição aborda, em seu editorial, análises específicas, derivadas dos indicadores produzidos na série histórica. O boletim também apresenta camadas adicionais de informações, além das oriundas diretamente dos dados, tais como pesquisas, análises de mercado, tendências de consumo e cenários macroeconômicos.
O editorial do IILB 9 conecta o tema Bem-Estar Animal com os dados de eficiência, tomando como base fazendas que já obtiveram a Certificação em Bem- Estar Animal e que são, em sua maioria, usuárias do sistema de gestão que permite a geração do IILB.
O tema Bem-Estar Animal é oportuno neste momento, no qual a opinião pública vem ganhando força, no que se refere à adoção de boas práticas produtivas por empresas de vários setores. Este tema é uma das áreas que mais despertam posicionamentos daqueles que não estão diretamente ligados à cadeia produtiva do leite. Muitos consumidores possuem interesse e estão dispostos a investir mais na aquisição de produtos que tenham sido fabricados de acordo com os padrões de Bem-Estar Animal e que sejam devidamente certificados nestes quesitos.
Os dados nacionais atualizados no IILB 9 foram lançados durante o evento ‘BEA Days – Bem-Estar Animal e o futuro do leite’, uma parceria entre a Ideagri e o Programa de Certificação em Bem-Estar Animal do #bebamaisleite. (O evento foi um sucesso – clique aqui para acessar os materiais).
FAZENDAS CERTIFICADAS
As fazendas que detém o selo de “Bem-Estar Animal” foram certificadas de acordo com os requisitos do programa, o que significa que cumprem as mais rígidas práticas no tratamento e no manejo do gado leiteiro.
Grande parte dos rebanhos certificados tem se qualificado para as séries históricas do IILB e, para esta coluna, foi criado um fechamento especial – o IILB BEA (Bem-Estar Animal) – contemplando o período do janeiro a dezembro de 2020.
Alguns rebanhos ainda não foram considerados para o IILB, ou por terem adotado o sistema de gestão recentemente (que é a base para a obtenção dos dados necessários para o cálculo do índice) ou pela inconstância de envio de dados para a plataforma Web. Para que os dados sejam calculados, é fundamental que os backups sejam enviados periodicamente para a conta do usuário, sendo o envio prerrogativa do cliente.
Assim, 9 das 11 fazendas certificadas, que constam no Quadro 1, atenderam os requisitos e tiveram as notas do IILB BEA calculadas, com base em um conjunto de indicadores produtivos, reprodutivos e sanitários. Para os rebanhos avaliados, o total de fêmeas consideradas para a análise foi superior à 17 mil animais, um número bastante interessante, uma vez que, na amostragem, estão incluídas fazendas de grande porte.
Vale destacar que existem, no universo de fazendas certificadas, propriedades de menor porte, ou seja, a certificação em BEA não tem relação com o tamanho do rebanho, nem com a eficiência. Na coluna IILB da Edição #130 da Revista Leite Integral, há uma análise específica sobre a relação entre o porte e a eficiência das fazendas, a qual mostra que fazendas de menor porte podem apresentar performances comparáveis ou, em alguns casos, até melhores do que as grandes propriedades.
COMO “CORDA E CAÇAMBA”
Em linhas gerais, há um consenso de que matrizes submetidas a ambiente e manejos que propiciem conforto e bem-estar são mais produtivas, se reproduzem melhor e são mais longevas. Assim, o objetivo do IILB BEA foi demonstrar, com base em dados confiáveis, que eficiência e Bem-Estar Animal andam de “mãos dadas” ou, como no dito popular, são como ‘a corda e a caçamba’.
A comparação das notas do IILB BEA foi feita com as notas do IILB 8 (na ocasião da confecção deste artigo, o fechamento do IILB 9 não havia sido realizado). A nota média geral do IILB BEA foi de 5,29 pontos, ou seja, quase 1 ponto ou 17% a mais em relação a nota média geral do IILB 8, que foi de 4,38 pontos. Além disso, 7 das 9 fazendas tiveram a nota IILB BEA acima da média do IILB 8, sendo que as outras 2 ficaram muito próximas à média do IILB 8 (Gráfico 1). O desempenho médio geral das fazendas do IILB BEA foi superior à média geral das 1.018 fazendas avaliadas no IILB 8.
Dentre os 12 indicadores que compõem o IILB, as análises, para comparações entre o desempenho do IILB 8 e do IILB BEA, foram realizadas com base em 4 índices, que não são impactados pelas composições raciais dos rebanhos.
A seleção foi necessária, porque entre as fazendas certificadas, existem rebanhos com diferentes composições raciais, com maior ou menor predominância de sangue europeu leite em relação ao sangue zebu leite. Sendo assim, para analisar diretamente as médias, foi necessário considerar indicadores que não são afetados pelo perfil racial do rebanho. A maior taxa de prenhez, por exemplo, é uma unanimidade, independentemente do perfil racial do rebanho. Já uma comparação direta entre idades ao primeiro serviço e ao primeiro parto ou mesmo de produções, entre diferentes composições raciais de rebanho, pode não ser adequada.
Dos quatro indicadores analisados, apenas a taxa de concepção de novilhas não é melhor nos rebanhos certificados, ainda que o percentual dessa diferença seja relativamente pequeno. (Tabela 1).
Um dos indicadores que mais se destaca na comparação entre as fazendas certificadas e a média geral das fazendas é a taxa de mortalidade de vacas, significativamente menor, 22,61% inferior, nas certificadas (Tabela 1). Esta diferença pode ser um indicativo de que, realmente, como já comentado, fazendas que oferecem boas práticas de conforto e Bem-Estar Animal para as matrizes podem obter maior longevidade para os animais.
Para a taxa de prenhez, as fazendas certificadas apresentam um desempenho cerca de 8% superior à média geral do IILB 8 (Tabela 1). A taxa de prenhez engloba a taxa de concepção e a taxa de serviço e reflete, de forma muito clara e rápida, o resultado de todos os manejos da fazenda, não só os reprodutivos. Além disso, tem enorme impacto na rentabilidade do sistema de produção. Cada dígito a mais nesse importante indicador deve ser avaliado de forma muito positiva.
No caso da taxa de sobrevivência, também observamos uma diferença a favor das certificadas, que fica mais visível quando é feita a “conversão” de sobrevivência para mortalidade. A taxa de mortalidade no IILB 8 é 6,89% maior do que no IILB BEA, ou seja, a cada 100 bezerras nascidas nos rebanhos certificados, 13,7 morrem antes de completar 1 ano. Na média geral, morrem 14,7, ou seja, o saldo é de 1 bezerra a mais, a cada 100, nos rebanhos certificados (Tabela 1).
Vale ressaltar que a primeira etapa do programa de certificação é o item Gestão e Gerenciamento, já que a avaliação cuidadosa dos controles realizados na propriedade leiteira, seja em papel, planilhas ou sistemas informatizados é essencial para conhecer a realidade da fazenda.
É de suma importância conhecer como é a rotina do sistema de produção, como os animais são identificados, qual a infraestrutura disponível, conhecer os recursos humanos envolvidos, dentre outros. Se a qualidade dos dados inseridos no sistema não é boa, a informação gerada também não será satisfatória e nenhum processo de informatização terá sucesso se a etapa de coleta de dados e de entrada dos mesmos no sistema não funcionar de forma adequada.
Diante disso, além da relação do desempenho com o Bem-Estar Animal, uma outra conexão importante foi percebida no processo de certificação da Ideagri como empresa amiga do Bem-estar animal:
AMIGA DO BEM-ESTAR ANIMAL
Como “Empresa Amiga do Bem-Estar Animal”, a Ideagri emprega seus melhores esforços para produzir soluções que ajudam os produtores a cumprirem as normas da certificação em suas fazendas e, o mais importante, contribui de forma consistente com o Bem-Estar Animal e com a rastreabilidade e garantia dos processos.
A certificação em Bem-Estar Animal do #bebamaisleite, além de impactar no que acontece da “porteira pra dentro”, sendo grande aliada na melhoria dos índices zootécnicos e de rentabilidade, é também importante mecanismo de atuação da “porteira pra fora”, por meio de uma comunicação positiva, mais assertiva e confiável junto ao consumidor final.
IILB
Assista ao vídeo sobre o Índice IDEAGRI do Leite Brasileiro (IILB) que vem mudando a forma como toda a cadeia produtiva no Brasil promove a avaliação do desempenho do setor. No vídeo, confira informações sobre a abrangência, metodologia e saiba como acessar as informações.