Empresa familiar é destaque por sua evolução na produção de leite de qualidade em Goiás. Está entre as maiores do país e avança na oferta de genética diferenciada. Em apenas 6 anos, a Fazenda Figueiredo passou de 1.600 litros de leite/dia para os atuais 18 mil litros, com 540 vacas em lactação. Trata-se de uma vigorosa e consistente escalada, que supera em mais de dez vezes o volume inicial. A fazenda Figueiredo é parceira e usuária do sistema de gestão IDEAGRI.
Confira o depoimento de Reinaldo Carlos Figueiredo, Fazenda FIGUEIREDO, Cristalina – GO
“Visando uma melhor análise dos índices zootécnicos da fazenda e seguindo as indicações de amigos, há um ano contratamos o Ideagri. O ganho de tempo aliado ao suporte e a confiança dos dados são alguns dos fatores que mais impressionam nesse software. Outro ponto forte do Ideagri é o atendimento on line, muito rápido e eficaz.”
Visite o site da fazenda: www.fazendafigueiredo.com.br
O reconhecimento das privilegiadas condições regionais de produção e o potencial do mercado externo estão entre os fundamentos deste trabalho, que prevê para 2013 a entrada em operação de um terceiro galpão de free-stall para mais 360 vacas Holandesas em lactação. Isto permitirá que o volume diário dê outro salto e atinja 24 mil litros de leite/dia.
Mas se esses números já impressionam, é preciso dizer que a meta do projeto, em implantação em Cristalina-GO, é para um total de 1.800 vacas e 60 mil litros/dia. “Pretendemos ser o maior produtor de leite da América do Sul, aliando volume de leite a animais de alto valor genético”, afirma Reinaldo Carlos Figueiredo, médico veterinário e empresário que está à frente desse trabalho iniciado há 25 anos no Paraná por seu pai, Luiz Carlos Figueiredo.
Com simplicidade no trato, incorporação do moderno às atividades produtivas e boa visão comercial, foi ele mesmo quem recebeu em agosto o troféu Agroleite, em Castro-PR, como destaque do ano na categoria Produtor de Leite. É dele também a responsabilidade de ter feito um negócio familiar, no princípio dedicado só à cafeicultura, se voltar para diferentes segmentos e prosperar, formando hoje uma bem-sucedida empresa rural.
“Após o café, em 1970 foi criada a Granja Figueiredo, em Mandaguari-PR, que ainda existe e é considerada a mãe de todos os negócios que vieram depois”, diz Reinaldo. Foi nesta mesma localidade que, em 1987, começou a produção de leite no Sítio das Pedras, com apenas dez vacas mestiças. O empreendimento, ainda restrito ao Paraná, também passou a incluir suínos, milho, soja e a integração com pecuária de corte na terminação de animais comprados de terceiros.

Produção atual é de 18 mil litros/dia; em 2006, não passava de 1.600
Início no PR, expansão em GO – As primeiras terras em Goiás para a agricultura foram adquiridas em 1986. O estado passou a concentrar os negócios da Fazenda Figueiredo, incluindo o leite que para aí foi em 2006. Luiz Carlos vive hoje parte do ano no Paraná, onde conta com 130 funcionários, e parte em Goiás, com equipe de 480 pessoas.
A produção leiteira representou, no ano passado, perto de 6% do faturamento dos negócios da família, que é encabeçado pela soja com 34%, a partir da colheita de 28 mil t do grão, seguida da produção de ovos, com 33 mil dúzias/dia (24%), milho com 20 mil t (15%), café com 48 mil sacas (10%) e feijão com 3 mil t (7%).
A atividade se complementa com a produção de trigo, aveia, carnes bovina e suína, alho, cebola, cenoura, semente de milheto e sorgo. Os Figueiredo são atualmente os maiores produtores de café em Goiás. Dentre outras tecnologias, adotam a chamada agricultura de precisão e irrigam 2.900 ha, dos quais, 546 ha na Fazenda Lages, em Cristalina, onde o projeto de leite está estrategicamente instalado tangenciando três pivôs centrais.
Neste inverno, parte da área irrigada foi cultivada com trigo para a obtenção de grãos e boa palha para a pecuária de leite, a qual é utilizada tanto como fonte de fibra na dieta como para a cama dos animais. Também produzem para o gado o grão de milho e as silagens de toda a planta ou só do grão úmido.
O rendimento por área atingiu 32.657 litros de leite/ha no ano de 2011, quando o volume diário de produção estava em 17 mil litros/dia. A matéria orgânica originária do free-stall volta para as áreas de pivô trazendo economia de adubação e melhoria das condições físicas do solo, num bom exemplo de integração lavoura/pecuária de leite na região do Cerrado.

Reinaldo e Luiz Figueiredo: trabalho compartilhado entre pai e filho
A definição do projeto – Em 1990, Reinaldo, com apenas 15 anos de idade, começou a se interessar pela produção de leite que o pai, estimulado por amigos, havia iniciado alguns anos antes com animais mestiços, mas logo trocando pela raça Holandesa. A atração pela atividade o levou a estudar medicina veterinária e a assumir a exploração no projeto, em 1997. Eram animais com média de 18 litros de leite/dia num sistema semiconfinado, mantidos a pasto com suplementação no cocho.
“O sítio, de topografia bem acidentada, foi local de muito aprendizado e trabalho”, descreve. Como jovem produtor, se aprofundou na lida com o leite e teve como momento decisivo seu envolvimento com a criação e coordenação de exposição de animais em Mandaguari, passando a se dedicar com afinco à raça Holandesa. Sua mudança, e depois a do rebanho leiteiro para Cristalina, surgiu de uma decisão familiar.

Novo piquete para bezerras garante conforto e melhor desenvolvimento
No entanto, Reinaldo conta que a instalação da granja leiteira no Centro-Oeste não foi consenso no início, pois havia quem preferisse gado de corte e a mudança se fez sem antes se definir o tipo de manejo a ser praticado. No entanto, a comprovação de que com as vacas Holandesas no cocho, dando acima de 30 litros de leite/dia, conseguiria uma renda líquida superior a que teria com gado de corte ou com os animais a pasto, pôs rumo ao projeto.
Ao fim de 2006 foi, então, interrompida a produção no Sítio das Pedras, que estava com 80 vacas em lactação em regime confinado, com média de 26 litros/dia. Para o projeto goiano foram deslocadas 170 fêmeas registradas da raça Holandesa PB. O produtor e empresário diz que tem a convicção de que a região Centro-Oeste irá abrigar os maiores produtores de leite do País num futuro próximo. “Tenho um custo de produção perto de 15% menor que o do Paraná e ainda recebo mais pelo leite”, comenta.
Com planejamento, fez um sonho virar realidade, segundo ele. O projeto inicial era para 2 mil vacas em lactação, mas em função do estabelecimento de novos padrões de free-stall, com camas maiores para aumentar o conforto animal, esse número se ajustou para 1.800 vacas em produção. Foi mantida a construção de duas salas de ordenha, uma delas, já em operação para 1.200 vacas, formada por um duplo 20 de saída rápida.
Manejo alimentar e sanitário – No ano passado, a média de produção do rebanho da Fazenda Figueiredo atingiu 11.680 litros de leite em 365 dias, o que resulta média de 32 litros/vaca/dia. A fêmea de maior volume já alcançado foi “F. Fortaleza Galeana TE”, com 19.418 litros em 365 dias, média de 53 litros/dia.
O médico veterinário Pedro Henrique Amâncio Afonso, gerente da propriedade e que está há 25 anos com a família, conta que para a alimentação dos animais em produção são adotados três grandes grupos: vacas com mais de 45 litros de leite/dia, de 44 a 35 litros/dia e de 34 litros para menos. Da dieta, constam silagem de milho, silagem de grão úmido, farelo de soja, casca de soja, caroço de algodão, palha de trigo ou feno de tifton; este, adquirido de terceiros.
Afonso diz que os custos com comida têm variado para cima, mesmo buscando alternativa na formulação. Cálculos da fazenda mostram que o farelo de soja aumentou seu valor 95% frente ao ano passado; o caroço do algodão, 58%, e a casca de soja, 50%. “Se em 2011 se gastava cerca de R$ 8,33/vaca/dia com a dieta, neste ano, o valor pulou para R$ 12,40, ou 49% a mais”, estima.
Dados fechados e disponíveis mostram que no ano passado o custo médio do litro do leite na propriedade ficou em R$ 0,889, com resultado líquido de 8,5% (receita menos a despesa, sem considerar o investimento). Reinaldo comenta também que o custo se mostra elevado, pois o projeto está em implantação e é grande a quantidade de animais em cria e recria.
Sobre o manejo, diz que para as fêmeas em produção, a somatotropina bovina (BST) é aplicada a cada 14 dias, quando ultrapassaram 100 dias de paridas e desde que estejam com escore corporal acima de 3,5, e se prolongará até 15 dias antes da secagem. Uma vez ao mês os animais são avaliados para verificar sua condição física e necessidade de casqueamento.

Produção acima de 30 kg de leite das vacas Holandesas do cocho direcionou projeto de confinamento
Qualidade do leite nos padrões – O leite também é analisado regularmente para verificar a possível presença de Staphilococcus aureus, agente causador da mastite clínica, realizando-se a segregação das positivas na ordenha para que não aconteça sua disseminação através dos equipamentos. Os casos de mastite atingem 2% dos animais, mas a meta é reduzir para 1%. É dada muita ênfase às práticas de ordenha em termos de limpeza do úbere, do equipamento e seu funcionamento adequado.
O baixo índice de mastite, como a reduzida contagem de células somáticas (CCS), também encontra respaldo na predominância de animais jovens em lactação, perto de 78% estão na primeira ou segunda parição. Considerando a média dos últimos 12 meses, a CCS média foi de 147 mil/ml, enquanto a contagem bacteriana bateu em 18.250/ml, com leite a 3,57% de gordura e 3,29% de proteína.
As novilhas da propriedade têm seu primeiro parto em torno dos 26 meses de idade, quando pesam cerca de 620 kg. Após 45 dias, são liberadas para a inseminação artificial com a meta de que estejam prenhas até os 130 dias. Nesse sentido, se adota a observação visual do cio e um colar medidor de atividade física. Aos 60 dias, as que ainda não emprenharam entram em protocolo de IATF, chegando-se ao final desta etapa com 80% de prenhez. O intervalo médio entre partos do rebanho está em 14,8 meses, mas a meta é reduzir.

Tourinhos vendidos como reprodutores representam 5% da receita com a atividade
A transferência de embriões é feita com embriões do time das doadoras da fazenda com a utilização de sêmen convencional, quando se aproveita os machinhos nascidos para a venda como reprodutores. No ano passado foram perto de 300 animais comercializados, número que deverá se manter neste ano e que representa 5% da receita da atividade leiteira.
Para a fertilização in vitro, que começou com mais força neste ano, é utilizado o sêmen sexado objetivando melhoramento genético. Até setembro, foram confirmadas 161 prenhezes desses embriões, sendo utilizadas como receptoras vacas que não atingiram os padrões mínimos de seleção, animais adquiridos e algumas fêmeas F1 Nelore x Angus de criação própria, já que existe pequeno rebanho comercial de corte.
Existe uma atenção especial, como lembra o veterinário, para concentrar as diferentes atividades de manejo num mesmo momento, como diagnóstico de prenhez, aplicação de BST ou mudança de lote, evitando mexer muito com os animais, para não quebrar sua rotina e trazer estresse. “Procuramos um manejo artesanal em escala industrial”, como Reinaldo gosta de falar.
Equipe qualificada e treinada – Uma novidade que está em implantação é quanto ao manejo na fase de cria. Estes animais, a partir dos 30 dias de vida, ficam em piquetes coletivos, e não mais confinados, e são alimentados por um sistema mecânico (calf feeder). Estas medidas visam à redução do uso da mão de obra, à maior sociabilização dos animais e ao favorecimento do contato com carrapatos para a premunição.
O produtor conta ainda que faz questão de manter uma equipe qualificada e que com frequência são realizados diferentes tipos de treinamento na fazenda abarcando áreas de manejo, nutrição e ordenha. Admite que os aspectos relacionados à mão de obra estão entre os seus maiores desafios. “Tentamos buscar o brilho, a essência do funcionário, pessoas comprometidas. Enfim, estimular a vocação de cada um”, diz, observando que todos têm espaço para expor suas ideias e as decisões são em conjunto.
Para concretizar a proposta de aliar elevado volume de produção com genética diferenciada, Reinaldo salienta que nos últimos anos foram grandes compradores de animais. Dentro dos melhores planteis buscaram particularmente novilhas vazias que atendessem aos seus requisitos para que os acasalamentos fossem por ele definidos. O grande crescimento da produção de leite na propriedade se deu, até o momento, basicamente por esse aumento do rebanho, que ainda se encontra em formação.
“Temos hoje um dos maiores bancos genéticos do País”, afirma o produtor. Conta que, além de animais de 54 planteis dos estados do Paraná, Minas Gerais, São Paulo e Goiás, também adquiriu 115 embriões importados do Canadá e dos Estados Unidos, considerando o que há de mais atual por lá. Contudo, o período de compras encerrou, e parte agora para a multiplicação através da FIV e da transferência de embriões convencional.
Silagem de grão úmido de milho: um dos ingredientes da dieta, juntamente com palha de trigo (à esq.)
Reinaldo diz que procurou animais de famílias longevas, produtivas e com tipo, vacas que aliem funcionalidade e beleza, dando como exemplo a linhagem “Dorothy”. Ele calcula que possui em seu plantel 68 grandes famílias, com destaque para 23 delas como as de “Lydia”, “Chief Adeen”, “Laurie Sheik” e “Dundee Laural”. Cada uma tem seu forte, quer seja no tipo, leite, sólidos ou longevidade. Seu interesse é ter também vacas de porte médio, que na idade adulta pesam em torno de 750 kg.
Uma das fêmeas de maior importância do plantel é resultado de seleção da própria Fazenda Figueiredo, a matriz “Fumaça”, que ultrapassou os 100 mil litros de leite produzidos e que gerou “Luna Fumaça Saint”. Esta, em junho passado, também atingiu essa marca entrando nos registros da raça do Brasil como o quinto conjunto onde mãe e filha conseguiram tal volume acumulado de leite.
Foco nas regiões Norte e Nordeste – A intenção de Reinaldo é, no futuro, aumentar o volume de vendas de animais de ponta, fêmeas que serão formadoras de famílias em outras propriedades e que poderão gerar produtos que sejam premiados em exposições. “É um mercado difícil, é um nicho”, reconhece. Como seu rebanho está em crescimento, participa como convidado em leilões de terceiros ofertando poucos animais. Quanto às vendas de embriões Fiv, elas iniciaram em dezembro passado, acumulando um total de 302 prenhezes até agora.
Com a seleção de animais adaptados a temperaturas mais elevadas e convivendo com carrapatos, diz que irá focar seu trabalho nas regiões Norte e Nordeste. O selecionador informa que no ano passado a Fazenda Figueiredo foi a que mais classificou vacas no Brasil através da associação da raça. Foram 401 fêmeas, com média de 80,66 pontos, a maioria de novilhas de primeiro parto. Um total de quatro vacas foram classificadas como excelentes, e 38, como muito boas.
“A classificação para tipo é um dos momentos mais importantes da fazenda e da vida da vaca. É o coroamento de todo um trabalho”. Ele avalia que são muitos os fatores envolvidos para que um animal seja bem classificado, como manejo, nutrição, acasalamento, ordenha bem regulada, bons pré e pós-parto. Esta é uma das ferramentas que usa para descobrir os animais de maior expressão dentro da fazenda.

Área reservada para produção de leite da fazenda é cercada por pivôs centrais que irrigam diferentes culturas
Os Figueiredo têm enviado animais para exposições e conquistado premiações com o principal objetivo de divulgar o trabalho que realizam. Dentre os títulos conquistados estão os de melhor criador e expositor da raça Holandesa da Expogoiânia de 2009, 2010 e 2011, anos em que, nestas mesmas exposições fizeram a grande campeã e campeã vaca jovem. Na Megaleite 2012, em Uberaba, MG, foram o 3º Melhor Criador.
Além de atingir suas metas de produção diária e obter através da seleção uma média de rebanho de 12 mil litros de leite por lactação, Reinaldo afirma que a fazenda almeja fazer uma campeã nacional e colocar um touro do seu criatório numa central.