A paixão pelo negócio do leite levou o médico veterinário Alvaro Shiota a querer levar conhecimento aos produtores, com o objetivo de transformar os desafios em felicidade. O Grupo Apoiar, empresa idealizada por Alvaro, tem um propósito nobre: por meio de trabalhos de pesquisa e de consultoria, levar conhecimento multidisciplinar até os produtores de leite, permitindo que se abra um caminho de sucesso. Confira a entrevista para a Leite Integral. O Grupo Apoiar é parceiro e usuário do Ideagri.
Em entrevista à Revista Leite Integral, o jovem Médico Veterinário conta como o olhar do pai o ensinou a perceber os desafios da pecuária leiteira e como essa experiência foi determinante para idealizar a empresa e as soluções que ele, junto com sua equipe, levam para fora, para o mercado.
VEM DE DENTRO
Vem de dentro de casa a minha relação com o agro. Meu pai, junto com os meus tios, sempre tiveram fazenda. O gado de corte, a pasto e confinado, era o que movia a propriedade da família. Tínhamos, também, um pequeno rebanho de
leite, um negócio mais modesto, tirávamos poucos litros por dia.
Crescer nesse ambiente foi fonte de inspiração para a vida toda. Além de produtor, meu pai também é Médico Veterinário. Ele é professor e leciona cursos para pequenos produtores pelo SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural).
Acompanhei-o em várias oportunidades, quando ele dava assistência técnica aos produtores no estado de São Paulo. Essas experiências moldaram a minha maneira de perceber os principais desafios do agro.
Esse desejo de melhorar a vida dos produtores rurais me levou para a Faculdade de Medicina Veterinária, na UFU (Universidade Federal de Uberlândia), em Minas Gerais. Percebi, desde muito jovem, que a pecuária de leite exige um conhecimento mais completo: deve-se entender de várias áreas, da agricultura à nutrição, da cirurgia à clínica. O olhar do Veterinário ajuda a ampliar a capacidade dos produtores, em especial dos pequenos, de aumentar a renda e alavancar a produtividade, com lucratividade.
Ainda na faculdade, tive a experiência de atuar na Conavet – Empresa Júnior de Consultoria e Assistência Veterinária, projeto de extensão da UFU, que me levou para dentro de propriedades de leite e de onde saíram alguns projetos de iniciação científica. Todas essas experiências me conduziram, ainda mais, para a pecuária leiteira. Fiz pós-graduação na ESALQ (Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”), em produção de ruminantes, para aprender um pouco mais sobre nutrição, gerenciamento e planejamento. Depois disso, fiz duas vezes o MDA da Clínica do Leite, com foco em gestão de fazendas.
Foi, então, que comecei a perceber que não era só fazer clínica, uma cirurgia ou a reprodução numa fazenda leiteira – teria que aprender a gerir pessoas para auxiliar os proprietários na gestão e implantação de processos.
APOIO AOS PRODUTORES
Na minha namorada, a Ana Rita, que também é veterinária, encontro a força e direção necessárias ao meu trabalho.
Foi assim que construímos, em 2016, o Grupo Apoiar – uma empresa que nasceu da experiência de um grupo de veterinários, com o objetivo de oferecer apoio multidisciplinar às fazendas. Todas as áreas: sanidade, qualidade do leite, reprodução, infraestrutura, planejamento financeiro, dentre outras – conta com a expertise de profissionais preocupados em tornar os processos das fazendas leiteiras eficientes e assertivos. Acreditamos que contribuímos para tornar a pecuária de leite mais feliz – gerando menos reclamação e mais resultado.
Dentro dessa perspectiva, a relação que o Grupo Apoiar criou com seus cliente e parceiros foi de confiança. Temos muitas empresas parceiras que levam serviços e tecnologia até as fazendas que são nossas clientes, e sabemos que essa relação tem que ser de confiança. Com confiança, tudo fica mais fácil: a equipe consegue aplicar melhor o que tem que ser feito. A honestidade é a base do nosso negócio e, se criada a sinergia, o fluxo de trabalho gera sempre os melhores resultados, que é o que nos move.
O Grupo Apoiar, localizado em Patos de Minas/MG, é formado por 9 médicos veterinários e um jornalista, que cuida das mídias sociais criando um canal de comunicação dos técnicos com os produtores e funcionários das fazendas atendidas. Um dos veterinários atende 14 fábricas de ração nos estados Bahia, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Tocantins. Os demais assistem, atualmente, 90 propriedades de leite em 46 cidades de Minas Gerais e São Paulo. Somadas, essas propriedades produzem, em média, 230.000 litros de leite por dia, em um total de 9175 vacas em lactação.
Ana Rita e eu compartilhamos nosso sonho com essa equipe que segue alinhada com o nosso propósito, que é nobre: o de proporcionar os instrumentos necessários aos produtores de leite para que tenham sucesso, em todos os sentidos. Encontramos, assim, os nossos clientes: são aqueles que querem se desenvolver na cadeia do leite, e não importa o tamanho da propriedade ou o estado ou cidade – basta estar alinhado ao propósito de ter uma produção de leite de sucesso.
LÁ FORA, O MERCADO
A pecuária leiteira tem evoluído. Percebo, como forte tendência, o uso racional de antibióticos, em todas as fases da produção. A nossa equipe, ligada à qualidade do leite, vê a implantação dos laboratórios de cultura nas fazendas, realizada por várias empresas parceiras que estão no mercado com muito sucesso, como um meio de obter bons resultados financeiros para as fazendas leiteiras. Ao selecionar quais animais devem ser tratados, há uma diminuição significativa do uso de antibióticos no rebanho leiteiro.
Trabalhar com a prevenção é o nosso foco para que haja uma menor incidência de doenças e com isso, uso racional de antimicrobianos. Sabemos que o mercado exige um leite produzido de forma sustentável e que seja de boa qualidade.
POR DENTRO DAS INOVAÇÕES E TENDÊNCIAS
O Grupo Apoiar pretende trabalhar para produzir alimentos de forma eficiente e com o mínimo de estresse para os animais. Além disso, temos grande preocupação com a segurança das pessoas, tanto daquelas envolvidas na produção quanto na do consumidor. Por isso, nosso especial interesse no combate às zoonoses. Estamos implantando nas fazendas assistidas o nosso calendário sanitário, priorizando o combate e a erradicação dessas doenças. A nossa atuação pode evitar pandemias!
SER VETERINÁRIO
Acredito que a pecuária leiteira vem mudando, de forma muito rápida. As tecnologias e a informação estão disponíveis para o produtor rural. Acredito que treinar e formar mão de obra serão atividades alavancadas. Sinto que podemos conseguir melhorar o engajamento dos colaboradores das fazendas, apresentando a eles as tecnologias e a forma de usá-las.
Nesse cenário, ser veterinário se reveste de grande responsabilidade – relacionada a produção de alimentos de qualidade, dentro das normas governamentais. Creio que temos, também, como função, estimular as pessoas a serem comprometidas com seus negócios, nos vários aspectos que a pecuária de leite exige. Destaco a responsabilidade de nunca produzir sem pensar no meio ambiente. A parte do tratamento de dejetos das fazendas, ligada aos aspectos sanitários, é muito importante na atualidade. O olhar para os animais, garantindo a produção com o mínimo de estresse, significa produzir o alimento que o consumidor sinaliza que deseja. Ampliar a produtividade é, sobretudo, pensar no bem-estar animal e na biosseguridade.
Sempre tive paixão pelos animais e pela produção de alimentos. Esse é um exemplo que tive dentro de casa e que coloco a serviço do mercado. O fazer bem feito, que precede o sucesso em qualquer profissão, está associado a um sentido de propósito, que no meu entender, está fundamentalmente ligado a alimentar as pessoas e a cuidar dos animais.
Site do grupo apoiar: http://www.grupoapoiar.com/