Fernando Viana, o @viananalida, cliente e parceiro IDEAGRI, é destaque na Revista Produtor CCPR Itambé de novembro. A publicação é o reconhecimento do trabalho que vem sendo desenvolvido por ele na Fazenda Ouro Branco (Abaeté/MG) e seu importante papel como digital influencer no agronegócio. Confira a entrevista, saiba como acessar o conteúdo da revista e veja o vídeo depoimento de Fernando sobre o uso do Sistema IDEAGRI.
Para prestigiar o produtor cooperado da Cooperabaeté, a edição #119 da Produtor CCPR Itambé entrevista o profissional que assumiu, em um processo sucessório, o comando da Fazenda Ouro Branco, Fernando Viana, também conhecido como Viana na Lida nas redes sociais.
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Um pouco sobre a Fazenda Ouro Branco e a rotina do @viananalida
A produção da fazenda, que utiliza o Sistema de Gestão IDEAGRI, é diversificada. Além do leite, a propriedade possui também as atividades de cria, pecuária de corte e silvicultura. O leite é produzido a pasto, com piquetes rotacionados.
Viana usa o Instagram como ferramenta para divulgar seu dia a dia na lida da fazenda e orientar seus seguidores – em sua maioria, produtores rurais – de forma descontraída e bem-humorada.
Confira o vídeo depoimento de Fernando sobre o uso do Sistema IDEAGRI:
“Aí, pessoal: ferramenta indispensável na fazenda para você que quer gerenciar bem, é o Ideagri. E o Ideagri agora tem o Ideagri App. Para você ter ideia eu mostrei meu telefone para o meu vaqueiro, tudo o que tem de relatório – no sistema temos uns relatórios mais sucintos, mais práticos, no App, onde você pode consultar a lactação de uma vaca, o último parto, as informações básicas. E o meu vaqueiro ficou doido, ele falou “Meu filho, arruma um telefone para mim, que eu quero isso aqui no curral” Vou acabar com meu caderno!” Então, é isso aí! Fica a dica: Vai de Ideagri, meu amigo, que você está bem!”
REVISTA PRODUTOR ITAMBÉ: Você é formado em turismo. O que te moveu a escolher o curso de turismo?
FERNANDO VIANA: Escolhi esse curso porque sempre gostei de hotelaria, e meu sonho era ser gestor de uma grande rede hoteleira, trabalhar em outros Estados e até mesmo ir para o exterior.
RPI: Você vivenciou várias experiências profissionais. Você poderia relatar algumas dessas experiências?
FV: Logo quando iniciei a faculdade, consegui trabalho como garçom em um bistrô. Em seguida, consegui um estágio voluntário no Hotel Liberty e depois fui trabalhar no Aeroporto da Pampulha, na Infraero, onde fazia chamadas de voos. Pouco depois, fui trabalhar com vendas no São Francisco Flat. A área comercial de hotelaria foi uma escola de vida para mim. Foi uma das primeiras mudanças da minha vida, mudança de conceitos e forma de pensar. Aprendi que poderia fazer o que eu quisesse, desde que eu me empenhasse. Após a faculdade, montei com amigos uma empresa de eventos corporativos. Permaneci na empresa durantes seis anos, quando, por motivo de estresse, optei por sair.
RPI: Como foi essa nova etapa de sua vida?
FV: Estava noivo quando saí da empresa de eventos. Minha então noiva, Annie, e eu havíamos tomado a decisão de nos casarmos e ir para o interior. Queria mudar completamente minha vida. A família dela possuía propriedade rural. Havíamos conversado, anteriormente, com meu sogro sobre nossas pretensões. Como já estava tudo planejado, pouco antes de sairmos em lua de mel, vendi tudo que eu tinha. Nesse meio-tempo, meu cunhado me convidou para trabalharmos juntos no negócio da família, em Belo Horizonte. Esse trabalho durou seis anos, quando meu sogro reuniu a família para decidir se vendia a fazenda ou se alguém se propunha a administrá-la. Após reunião familiar, minha esposa e eu, que já havíamos adiado nossa ida para o interior, decidimos assumir a fazenda. Expliquei que era um neófito no agronegócio, mas a experiência em áreas comerciais e em gestão encorajava-me a enfrentar qualquer desafio. Todo negócio é possível desde que você entenda seu funcionamento e utilize todas as ferramentas de gestão inerentes ao negócio. Tudo pode ser aprendido e gerenciado. A transição, que era para ser de seis meses, levou dois anos.
RPI: Por que o leite?
FV: A pecuária leiteira nunca havia passado pela minha cabeça. Aliás, a atividade leiteira não era prioridade do meu sogro, pois, segundo ele, não dava lucro. A fazenda era tocada em sociedade, mas esta estava prestes a ser dissolvida. O desafio de administrar a fazenda era enorme, sua estrutura estava sucateada, e a atividade leiteira estava prestes a ser extinta para dar lugar à pecuária de corte. A saída era sucumbir ao fim da atividade leiteira ou fazê-la soerguer novamente, tornando-a rentável. Meu sogro perguntou-me: “Você encara? Mas leite necessita de muita dedicação!”. Respondi que aceitaria o desafio. E assim foi… Aí, iniciamos todo um processo para revitalização da fazenda e para torná-la produtiva e rentável na produção de leite.
RPI: No negócio leite, qual foi o primeiro desafio?
FV: Eu vinha do mundo dos negócios, no qual tomadas de decisões devem ser rápidas e precisas. No agronegócio, existem características próprias e nuances que precisam ser respeitadas. Às vezes, minhas decisões eram precipitadas e davam errado. Percebi que deveria ouvir a experiência de quem estava vivenciando o negócio havia mais tempo. Refleti e senti a necessidade de rever meus conceitos. Meu modelo mental teve que ser modificado para conseguir administrar a fazenda. Havia também a dificuldade de convencimento para implantar novidades e as pessoas aceitarem as novas ideias e serem convencidas de que era possível produzir mais com menos esforço.
RPI: Por que foi mudado o nome da fazenda?
FV: A fazenda chamava-se “São Vicente”. Como estávamos iniciando uma nova administração, optamos por mudar o nome para “Ouro Branco”, para caracterizar essa nova era, por causa de nossa crença na rentabilidade do leite e do gado Nelore da pecuária de corte. O leite é nosso ouro branco.
RPI: Como foi o processo de transição e sucessão na fazenda Ouro Branco?
FV: Na sucessão, um dos maiores desafios é a quebra de paradigmas. O processo não é fácil. Com certeza é mais difícil para quem é sucedido. Essa é a principal consciência que o sucessor deve ter. Eu, por exemplo, sou muito acelerado e, muitas vezes, contrariando orientações de meu sogro, tomava decisões equivocadas. Reconhecia o erro, voltava atrás e refazia o procedimento. A confiança do sucedido e a coragem do sucessor para implementar as mudanças são fatores preponderantes para o êxito da sucessão na fazenda.
RPI: Como se deu a parceria com a CCPR?
FV: Nós éramos fornecedores de leite para outra captadora, mas a relação, que não passava de fornecedor/captador, não nos satisfazia. A condição para fornecermos leite para a CCPR era sermos tratados como parceiros, participarmos, interagirmos e sermos assistidos pelos programas de melhorias na produção de leite implementados pela CCPR. Esse foi o diferencial demandado por nós e cumprido pela CCPR. Não somos apenas um fornecedor de matéria-prima para a Cooperativa Central, somos parceiros – na acepção mais ampla da palavra.
RPI: O que mudou após a parceria com a CCPR?
FV: Mudou tudo: a forma de enxergar a produção de leite como parte de uma cadeia produtiva e nossa valorização como produtor – porque todas as demandas que tínhamos na fazenda foram atendidas através de soluções tecnicamente assistidas, em vez de recebermos um simples telefonema ou de uma visita inquisitiva apontando os erros sem dar solução. Esse apoio foi de fundamental importância. Antes, eu estava perdido, sem nenhum conhecimento ou experiência, era como se eu dirigisse um carro na noite escura com os faróis desligados.
RPI: Como foi o desempenho da fazenda no início da parceria com a CCPR?
FV: Participei, inicialmente, do Unileite, cujo ciclo findou-se na região. Hoje, sou assistido pelo Cooperabaeté Assist, que cuida da qualidade, da gestação e da sanidade, e o módulo gestão deverá ser implantado em breve. O Práticas Nota 10 deu um norte para a fazenda. Recebemos a primeira visita para fazer o diagnóstico há pouco tempo. Foram apontados os procedimentos e as inconformidades para que possamos corrigi-las. O Práticas Nota 10 é o primeiro projeto cujos procedimentos são pontuais e exequíveis e viabilizam a atividade para ela se tornar qualificada e lucrativa.
RPI: Qual sua expectativa para a próxima avaliação do Práticas Nota 10?
FV: Aprovadíssimo! Com a assistência dos técnicos da CCPR e com o engajamento de nossos colaboradores, certamente seremos aprovados.
RPI: Qual é seu objetivo na fazenda Ouro Branco?
FV: Especificamente na atividade leiteira, nosso objetivo é ter rentabilidade no negócio, trabalhando com processos simplificados e de baixo custo. É também nosso propósito ser referência para outros produtores da região melhorarem suas atividades. Na fazenda, como um todo, queremos ter um negócio familiar, rentável, onde possamos trabalhar com tranquilidade e prazerosamente, deixando o futuro preparado para nossos filhos prosseguirem no negócio, se essa for a vontade deles.
RPI: O que mudou na sua cabeça quando trocou a vida de homem de negócios para ser produtor rural no interior?
FV: Aprender a pensar simples! Simplificar a vida! Na vida, precisamos de pouco para sermos felizes.
RPI: Como surgiu a ideia de criar um canal no Instagram?
FV: A ideia foi do meu cunhado. Eu sempre fui averso às redes sociais. Na maioria das vezes, são depressivas e exibicionistas. Quando pensei em criar um canal no Instagram, não era o meu meio preferido. Certa vez, necessitei de orientação para fazer silo. Pesquisei na internet e em outras fontes. Guilherme Megali, supervisor de vendas e zootecnista da Cooperabaeté, veio me assistir. Vendo-o explicar o processo e percebendo a dificuldade que tive de chegar à solução do meu problema, de repente, me deu um clique: “Espera aí! O que eu estava procurando e não encontrava a assistência técnica da Cooperabaeté está me dando. Me explica novamente para eu filmar”. Na gravação, eu mostrava como eu estava acostumado a fazer o silo e qual era a maneira correta de se fazer. E assim eu fui registrando as experiências do dia a dia. A partir daí, vários produtores rurais, carentes de informações, entraram em contato comigo. As postagens viralizaram. Continuei fazendo os vídeos sempre observando o caráter orientador, lúdico e com pitadas de humor. Atualmente, nosso canal está com quase 30 mil seguidores. São mais de 3 milhões de impressões mensais (número de vezes em que a publicação aparece na tela de celular) que o canal gera. É como se eu distribuísse 3 milhões de flyers por mês.
RPI: Qual a importância de ser um influenciador digital no agronegócio?
FV: É gratificante estar ajudando e inspirando as pessoas, seja com conhecimento, com bom humor ou com entretenimento. Expor o dia a dia da atividade rural nos faz sentir orgulho de sermos produtores rurais. Mostrar a atividade nua e crua, os sucessos e os insucessos, valoriza o produtor. Quem nunca pisou numa fazenda de leite e assiste ao canal, quando vê uma embalagem de leite no supermercado, pensa: “Pô, não é tão caro! Olha o trampo que o Viana tem para tirar o leite da vaca!”.
RPI: Qual foi o sentimento ao ser escolhido como porta-voz da CCPR através do personagem Edu Leite?
FV: É mais que gratificante. A minha trajetória profissional não foi fácil. Caí várias vezes e, resiliente, arranjei forças para me levantar, aprender e reaprender, sempre com o apoio de minha esposa, Annie. Estou há pouco tempo na atividade, nunca havia trabalhado na área e, de repente, ser escolhido pela CCPR, diante de sua importância, grandeza, seu incessante e incansável trabalho para desenvolver o produtor rural, foi algo inesperado e muito honroso para mim e, ao mesmo tempo, acarretou uma responsabilidade muito grande. Foi um convite transformador e, despido de qualquer vaidade, representa um grande troféu para mim. É uma grande conquista!
RPI: Quais são suas perspectivas para 2020?
FV: Após três anos à frente da fazenda, será o primeiro ano em que iremos mensurar o resultado de nosso trabalho nesse período. Quebramos vários paradigmas, não só da fazenda, mas da região – por exemplo, a silagem de capim, o trabalho com gado de corte, com gado de leite, entre outras mudanças. Produtores da região, quando veem as mudanças feitas na fazenda, dizem: “Esse cara tá doido! Ninguém faz isso!”. Acredito muito nessas inovações, e elas se mostrarão no próximo ano.