Competitividade. Esse é um dos principais desafios atuais do produtor de leite brasileiro que enfrenta cenários constantes de aumento nos custos de produção, concorrência com produtos importados e de origem vegetal e outros obstáculos relacionados a intempéries nas quais as atividades rurais naturalmente são expostas.
Melhorar a eficiência da produção leiteira, atingir níveis gerenciais cada vez mais profissionais e ser assertivo nas tomadas de decisões são exemplos de transformações necessárias para que a atividade permaneça prosperando.
Em cima disso, uma das vertentes que podem ser citadas nesse contexto é a maior aproximação entre a indústria e o produtor, a fidelização deste último ao negócio e a conscientização de ambas as partes de que uma matéria-prima de excelência carrega consigo inúmeros benefícios a todos os envolvidos na cadeia produtiva.
Muito além de contratos que estabeleçam compromissos como a fixação de indicadores de qualidade desejáveis para a fabricação de derivados e exigências de maior regularidade no volume de leite entregue ao longo de períodos, o vínculo entre o laticínio e o produtor pode ser extrapolado, afinal, muitos produtores enfrentam dificuldades como: limitações para acessar informações de ponta, buscar empréstimos financeiros com taxas acessíveis e desburocratizadas e construir estratégias operacionais para os manejos da fazenda no dia a dia.
Há a possibilidade de um estreitamento da relação entre os elos envolvidos sem deixar de lado os seus interesses e objetivos individuais, fator esse que os manteriam competitivos no mercado.
Em uma pesquisa realizada pela Universidade de Brasília foi apontado um descontentamento dos produtores de leite perante aos acordos básicos firmados com as indústrias que coletam a sua matéria-prima. Segundo eles, há dúvidas que poderiam ser resolvidas por meio de uma maior transparência principalmente quando relacionadas aos cálculos para o pagamento do litro de leite e as suas respectivas bonificações.
Além disso, produtores entrevistados no estudo comentaram que para que haja uma melhor relação com a indústria, além do estabelecimento dos preços do leite que poderiam ser mais claros, deveria existir uma ciência de que as fazendas precisam se profissionalizar cada vez mais para melhores negociações e valorização da sua produção. E sem dúvidas, eles estão corretos, afinal, a profissionalização da cadeia é peça-chave e critério de sobrevivência.
O investimento na formação do produtor de leite de modo que ele tenha instrução e capacidade de opinar acerca do que foi acordado nas relações é o primeiro passo para trazê-lo mais próximo ao negócio. As informações de mercado, por exemplo, afastam pensamentos de insegurança na comercialização e compartilhar com ele conhecimentos importantes em relação à qualidade, por exemplo, minimizam problemáticas no recebimento do pagamento.
A ideia é evitar que o produtor tenha entendimento sobre a qualidade do seu leite apenas no dia do pagamento. Em suma, auxiliar os produtores a compreenderem o comportamento dos preços é essencial para a expansão do negócio, reduz a migração de fornecedores entre os laticínios e incentiva cada vez mais a implantação de programas de desenvolvimento contínuo dos produtores.
O segundo passo seria a oferta de capacitação técnica já que produtores com graus de instrução maiores entendem melhor os termos técnicos, planejando com maior precisão a sua produção. É sabido que o investimento em tecnologias proporciona ganhos de escala, produção com melhor qualidade e maior remuneração pelo produto.
O sucesso de uma rede de colaboração depende da habilidade organizacional em desenvolver relacionamentos sólidos e da capacidade dos atores em gerir esses relacionamentos. Ações concretas com esse perfil são intrínsecas para possíveis soluções. Hoje já podemos citar alguns programas propostos pelos laticínios brasileiros nessa linha, como:
E um terceiro, e pouco falado, é apresentar ao produtor a sua importância no setor de produção de alimentos e posicioná-lo como um dos principais agentes responsáveis por produtos altamente nutritivos na mesa dos brasileiros, afinal, o mérito disso é imenso.
Todo produtor gosta de saber no que aquele litro de leite produzido na sua fazenda se transformou, seja dentro do envase de uma caixinha de UHT, seja para a produção de iogurtes, queijos, sorvetes, fórmulas infantis, entre outros. Eles se orgulham demais disso, e não é para menos.
É interessante também para eles a compreensão de que a qualidade da matéria-prima é extremamente impactante no processamento dos lácteos, seja na própria indústria, seja no tempo de prateleira. Mais uma vez aqui reforçamos a importância do conhecimento! Assim, eles passam a enxergar que as melhorias propostas pelos laticínios realmente fazem sentido e que valem a pena serem aplicadas no dia a dia. Além disso, a ideia é fazê-los perceber que as ações promovidas são vantagens competitivas em busca de uma parceria mais robusta em que todos saem ganhando.
Em suma, a relação entre laticínios e produtores pode encaminhar para direções menos conflituosas e regidas pela pretensão de vínculos mais fortes. Desafios sempre existirão, mas ter clareza empodera os envolvidos e estimula questionamentos importantes. Só assim, conseguiremos que a captura de valor seja uma realidade mais presente, evoluiremos e aperfeiçoamos a atividade. Assim, esperamos que a relação entre produtor e indústria possa gerar cada vez mais benefícios bilaterais.
O que lemos para escrever este material?
Aro, E. R. DE. (2016). Estratégias de cooperação: percepção dos gestores nas alianças das organizações. International Journal of Innovation, 4(1), 70-83. https://doi.org/10.5585/iji.v4i1.40.
Bicen, P., Hunt, S. D., & Madhavaram, S. (2021). Coopetitive innovation alliance performance: Alliance competence, alliance’s market orientation, and relational governance. Journal of Business Research, 123(June 2019), 23-31. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2020.09.040.
SILVA, M. A. de C. V. Estudo sobre a relação de fornecimento de leite entre produtor e indústria de laticínio. 2018. 79f. Dissertação (Mestrado em Agronegócio). Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade de Brasília, Brasília, 2018.
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Sobre a Rúmina
A Rúmina é uma empresa de soluções inovadoras para a pecuária no Brasil e América Latina, com foco em apoiar os produtores de hoje a se tornarem os produtores do futuro: mais produtivos e sustentáveis. Por meio de tecnologia, transforma dados das fazendas em uma experiência digital inteligente, que apoia o produtor e empodera a cadeia a tomar decisões mais seguras dentro do negócio.
Engloba as marcas Ideagri, líder em sistema de suporte à tomada de decisão para pecuária de leite; OnFarm, solução digital que ajuda na saúde do úbere; RúmiCorte, solução de tomada de decisão para pecuária de corte; RúmiCash, fintech voltada à cadeia do leite; RúmiEduca, programa de educação contínua; Rúmina Insights, plataforma de inteligência de dados; RúmiTank, tecnologia com base em sensores para monitoramento em tempo real do funcionamento do tanque de leite e o RúmiScore, o maior benchmarking de produtividade e sustentabilidade da pecuária de leite do Brasil.
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