Segundo a sexta edição do Índice Ideagri do Leite Brasileiro, apenas 45% dos rebanhos analisados registram primeiro parto na faixa mais produtiva
Rebanhos leiteiros que conseguem fazer com que suas matrizes tenham o primeiro parto dentro de limites adequados podem obter até 14% a mais na margem líquida, na primeira lactação dos animais. Segundo dados da sexta edição do Índice Ideagri do Leite Brasileiro (IILB 6), divulgados hoje (25/6), rebanhos brasileiros, com predominância de matrizes de raças leiteiras europeias (especialmente a raça holandesa), com idades ao primeiro parto (IPP) médias entre os 24 e os 26 meses, obtêm maiores produções de leite nas primeiras lactações.
“Quanto mais tarde a fêmea parir, menor será a produtividade em sua primeira lactação, especialmente a partir dos 28 meses”, explica Heloise Duarte, CEO da Ideagri. “Em função desse atraso, além da perda na produtividade, ocorre o aumento de 3 ou 4 meses no tempo de permanência improdutiva das novilhas na propriedade, antes do primeiro parto, gerando um impacto significativo na rentabilidade da atividade leiteira.”
Ao avaliar mais de 11 mil primeiras lactações individuais de matrizes de raças leiteiras europeias, o IILB 6 aponta que matrizes, com primeiro parto aos 24 meses, produzem, em média, na primeira lactação, 8.951 litros em 305 dias, contra 8.464 litros para matrizes com primeiro parto a partir dos 28 meses. “A análise dos dados das lactações individuais mostrou que novilhas com predominância de sangue europeu, parindo pela primeira vez com idade entre 23 a 25 meses, produzem mais leite na primeira lactação do que novilhas parindo a primeira vez mais velhas ou mais precocemente”, comenta a CEO da Ideagri.
Nas avaliações por média de rebanho, o IILB6 mostra que fazendas, com IPP médio menor ou igual a 25 meses, produzem, em média, 8.429 litros por animal na primeira lactação, contra 7.276 litros por animal, quando o IPP é maior ou igual a 28 meses. Considerando uma margem líquida de R$ 0,30/ litro, o IPP de 25 meses indica o retorno de R$ 2.528,70 por animal. Já com IPP a partir de 28 meses, o retorno é de R$ 2.182,80, ou seja, R$ 345,90 a menos, uma diferença de 14% na margem líquida na primeira lactação. “Reduzir a idade ao primeiro parto, com o manejo adequado das bezerras, dilui os custos de criação, aumenta a produtividade e a rentabilidade, além de impactar no bem-estar do animal”, constata Heloise Duarte.
Para ela, apesar das evidências apontarem com clareza esses benefícios, apenas 45% dos rebanhos analisados pelo IILB 6 registram primeiro parto na faixa mais produtiva (até 25 meses). “Há uma importante parcela de propriedades que podem melhorar seus índices zootécnicos e sua rentabilidade”, diz Heloise Duarte, para quem a gestão de dados é essencial no mercado do leite, cujas margens são muito apertadas: “As oportunidades de ganho se tornam mais claras a partir do momento em que medimos e conhecemos nosso desempenho e agimos sobre os fatores, sabendo o que podemos alcançar.”
Para chegar a essas conclusões, foram analisados os dados de 132 rebanhos mais homogêneos, com predominância de raças leiteiras europeias, selecionados dentro do universo de 985 rebanhos leiteiros brasileiros, qualificados para a sexta edição do IILB. A seleção foi feita para permitir a comparação com resultados de outros estudos. “Pesquisas recentes nos EUA mostram que primeiros partos, ocorridos entre 23 e 24 meses de idade, estão correlacionados a uma maior produção de leite na primeira lactação e, por conseguinte, durante a vida da matriz”, compara Heloise Duarte. “Evitar que os primeiros partos ocorram tardiamente também diminui o tempo improdutivo de permanência da fêmea na fazenda”, diz ela.
Gestão do gado leiteiro brasileiro vem melhorando, segundo o IILB
Em sua sexta edição, o IILB avaliou o maior volume de rebanhos de sua série histórica (985), correspondente a 25% do total de rebanhos leiteiros gerenciados pelo sistema de gestão Ideagri em todo o país. Para que os rebanhos se qualifiquem para o IILB, os usuários do software devem enviar regularmente seus backups para a nuvem. Além disso, considera-se a abrangência e a consistência do lançamento de dados, imprimindo confiabilidade às análises.
A produção diária dos rebanhos considerados é de 3,3 milhões de litros/dia, ou 1,2 bilhão de litros/ano. Considerando o consumo per capita anual de 167 litros/ano, é uma produção suficiente para alimentar mais de 7 milhões de brasileiros.
“Notamos a crescente melhoria do Índice Ideagri, cuja nota geral Brasil, nessa sexta edição, alcançou 4,24 pontos em 10 pontos possíveis”, comenta Heloise Duarte. “Reconhecemos o esforço do produtor de leite brasileiro, mas a nota mostra que há muito espaço para melhorar.” Em suas edições anteriores, o IILB analisou questões como qualidade do leite, taxa de prenhez, concepção e serviço, taxa de sobrevivência de fêmeas e a relação entre o porte dos rebanhos com sua eficiência. Nesta edição, a análise trata da relação entre a idade ao primeiro parto e a produção de leite.
A nota geral do IILB é um índice unificado, calculado com base em 12 indicadores de reprodução, produção e recria. “É uma medida global que permite avaliar o desempenho geral de cada fazenda/rebanho e fazer comparações entre fazendas, mesmo com diferenças nos perfis raciais dos plantéis, pois a definição dos limites e dos critérios para a pontuação leva em conta as características particulares, classificadas em 3 perfis, com base no percentual de sangue europeu”, explica Heloise Duarte. O acesso à plataforma www.iilb.com.br e a todas as edições do boletim é gratuito.