Sinergia entre gestão de dados e monitoramento animal: a nova era da pecuária leiteira 5.0

Dispositivos de monitoramento que alertam sobre as mudanças comportamentais em tempo real integrados a um sistema de gestão formam uma dupla de extrema potência para que a atividade leiteira alce novos e altos voos. 

Tecnologias precisas de monitoramento de vacas leiteiras a fim de melhorar o manejo individual das mesmas, dos currais e de toda a fazenda vem ganhando cada vez mais corpo e espaço na atividade, provocando uma revolução no setor leiteiro. Essa afirmação pode ser confirmada pelas inúmeras discussões e pesquisas realizadas sobre o tema e a crescente demanda e aderência nas propriedades leiteiras, afinal, a tecnologia aumenta a eficiência operacional, principalmente quando integrada a um sistema de gestão como o IDEAGRI.   

Assim, o panorama da cadeia passa a ser redefinido com a aplicação de práticas mais humanas, eficientes e sustentáveis, isso porque, essas tecnologias disruptivas facilitam a intervenção proativa e a tomada de decisões baseadas em dados. O reflexo? Maior bem-estar animal, produtividade e operações mais simplificadas da cadeia. 

Práticas tradicionais de manejo frequentemente apresentam falhas e por muitas vezes exigem trabalho excessivo dos colaboradores, além do processo ser mais propenso a erros e imprecisões, o que pode levar a perdas financeiras, comprometendo o manejo dos animais. 

Fraca detecção do cio: um fardo econômico por cada ciclo perdido

Um exemplo prático e cotidiano é a detecção do cio pois, em vacas de alta produção, a duração e a intensidade do comportamento do cio são consideravelmente mais baixas quando comparadas a vacas leiteiras de décadas atrás. 

Análises recentes concluíram que vacas com maior produção de leite apresentam durações mais curtas de comportamentos de cio secundário e cio em pé em comparação com vacas com menor produção de leite. Assim, à medida que a produção de leite por vaca aumenta é reduzido o cio comportamental. Com isso, o impacto da fraca detecção visual do cio e da infertilidade continua sendo um fardo econômico por cada ciclo perdido. 

Por esse e outros diversos motivos, dispositivos de monitoramento de precisão que medem a atividade das vacas, ruminação e comportamento de alimentação e do animal deitado, passam a ser explorados. 

Isso sem contar que o tempo gasto na observação do cio pelos colaboradores durante algumas horas por dia poderia ser melhor utilizado para outros trabalhos de alto nível, como avaliações de cultura microbiológica na fazenda, implementação de mudanças de manejo para melhorar o rebanho e intensificação da qualidade de vida da equipe. 

Uma pesquisa recente apontou que dispositivos de monitoramento foram capazes de detectar o cio tão eficazmente quanto a observação visual, além disso, quatro entre as seis tecnologias estudadas detectaram corretamente e elevaram de 15 a 35% a ação comparada à apuração humana. O supra sumo do monitoramento em tempo real potencializado pelo domínio dos dados é permitir ao produtor, além das informações em mãos, segurança para usá-las a fim de compreender melhor as questões reprodutivas subjacentes e tomadas de decisões gerenciais, otimizando o rebanho como um todo. 

Saúde das vacas elevada a um outro patamar

No entanto, os benefícios vão além: o monitoramento em tempo real também pode alertar os produtores sobre problemas na saúde das vacas já que a diminuição da atividade pode ser um sinal de doença e a redução no tempo que elas passam deitadas pode indicar situações de dor. Uma vaca com mastite clínica pode não conseguir deitar-se confortavelmente ou comer bem (vida natural), sentir dor (estado afetivo) e ter a produção de leite reduzida (funcionamento biológico). 

Portanto, um dispositivo de monitoramento capaz de auxiliar na detecção de mastite no início ou antes dos sinais clínicos permite ao produtor tratar a vaca mais rapidamente, diminuindo a quantidade e a duração da dor sentida. Esta redução da dor pode permitir que a vaca se deite e se alimente bem novamente, afinal, vacas doentes priorizam o descanso em detrimento de outras atividades para que possam conservar energia para a resposta à febre. 

No pré-parto, a integração de sistemas de monitoramento de comportamento na gestão dos rebanhos leiteiros representa uma oportunidade promissora para reduzir os problemas de saúde e no desempenho pós-parto, melhorando assim a eficiência e a rentabilidade da produção leiteira. Ao agir antes do parto com base em indicadores comportamentais, os produtores podem otimizar a saúde e o desempenho das vacas, resultando em uma produção mais consistente e sustentável ao longo do tempo.

Já no pós-parto, os sistemas metabólico, imunológico e endócrino das vacas passam por mudanças dramáticas, tornando as vacas mais suscetíveis a doenças. Estudos apontam que cerca de 30% a 50% das vacas leiteiras desenvolvem doenças pós-parto ou infecções próximas ao parto, como hipercetonemia subclínica, hipocalcemia e metrite. 

Para exemplificar, estudos apontaram que vacas com hipocalcemia gastam menos tempo ruminando, passam mais tempo deitadas e apresentam menor atividade comparadas às vacas que não apresentam o problema. Assim, nesses casos, são necessários ajustes no metabolismo energético, proteico e mineral para uma transição bem-sucedida rumo a uma nova lactação. A conclusão é que observações sistemáticas poderiam fornecer detecção precoce precisa e eficiente dessas doenças citadas acima. 

Visão 360º das fazendas leiteiras

Com a união dos dados da rotina dos animais via IDEAGRI e outra camada de informações obtidas pelo monitoramento é possível que os produtores obtenham uma visão 360º do seu negócio, principalmente, quando as soluções se integram. Isso porque as tecnologias, quando se complementam, permitem ao produtor um retrato extremamente claro sobre a sua produção. Um exemplo é quando um animal apresenta falha na prenhez: nessa situação, revisar o histórico do animal – como a produção de leite, alertas de saúde e ruminação – facilita a compreensão do ocorrido, auxiliando na prevenção de situações indesejáveis e permitindo a melhoria dos manejos.

Em resumo, a junção dessas tecnologias cria conexões de dados para entender a fazenda como um todo, proporcionando aos produtores e/ou consultores uma visão transparente sobre os animais da fazenda, respaldada por uma gestão estratégica e avançada das leiterias. 

Ei, vem cá: você está preparado para uma revolução na atividade leiteira? Em agosto, na Agroleite 2024, a Rúmina lançará uma nova solução, o RúmiAction, que, unido ao IDEAGRI, terá um forte impacto na transformação da gestão 360º e no desempenho das fazendas de leite, resultando na maior potência mundial no âmbito da gestão de dados e monitoramento. Não perca jamais essa novidade que irá elevar o setor leiteiro a patamares de eficiência e produtividade nunca visto antes!

Fontes consultadas: 

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Autora do artigo: Raquel Maria Cury Rodrigues, da Equipe Rúmina.

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