A quarta coluna IILB (Índice Ideagri do Leite Brasileiro), fruto da parceria entre a Leite Integral e a Ideagri, traz informações sobre as médias de CCS no tanque e o percentual de mastite subclínica dos rebanhos. Publicação revela que os melhores desempenhos para a qualidade do leite estão correlacionados com as melhores pontuações e destaca a necessidade de mais empenho na inserção de dados sobre qualidade no Sistema. A coluna destaca, também a necessidade de mais empenho com a entrada de dados de qualidade.
A coluna deste mês aborda a qualidade do leite, representada pela contagem de células somáticas (CCS) no tanque e individual. O tema é oportuno em função da nova legislação, focada na profissionalização do setor, com compartilhamento da responsabilidade entre os produtores e as empresas que realizam a captação da matéria-prima, ou seja, o leite. Foram consideradas, também, na escolha do tema para a análise detalhada, as oportunidades geradas após a abertura dos mercados de lácteos para outros países e os desafios futuros em função do acordo Mercosul/União Europeia.
No momento da concepção do IILB, ao serem selecionados os indicadores para o cálculo da nota geral, um dos aspectos considerados para a inclusão nos parâmetros foi a qualidade do leite. No entanto, ao analisar os dados disponíveis, foi identificado que se fossem aplicadas essas variáveis na análise a amostragem de fazendas seria reduzida significativamente, visto que para ser contabilizada no Índice, a fazenda deve ter valores apurados para todos os quesitos considerados.
Além de oferecer dados brasileiros para a cadeia produtiva do leite, um dos objetivos do IILB é justamente fomentar nos usuários, responsáveis pelos lançamentos de dados no Ideagri, o empenho na qualidade e variedade dos inputs. Ao longo das edições, houve a percepção de que o desejo de se qualificar para a avaliação tem surtido um efeito positivo nas fazendas e nos técnicos, mas muito ainda pode ser melhorado.
Visando interpretar os dados para esta publicação, os valores médios obtidos foram estratificados por faixas de pontuação geral no IILB 3: ‘Nota inferior a 3’; ‘Nota de 3 e 3,9’; ‘Nota de 4 e 4,9’; ‘Nota de 5 e 5,9’ e ‘Nota 6 ou superior’.
CCS – MELHORES PONTUADORES NO IILB POSSUEM MELHOR QUALIDADE DO LEITE NO TANQUE
De acordo com a Instrução Normativa nº 76 (IN 76/2018), que trata das características e da qualidade do produto na indústria, o limite aceitável é de 500 mil cél./ml no leite cru refrigerado. Assim, uma análise interessante (Gráfico 2) mostra o percentual de fazendas globalmente e por faixa de pontuação geral do IILB 3 que tem CCS média acima e abaixo de 500 mil cél./ml. Do total de 179 fazendas, 70% (125 fazendas) estão abaixo deste limite (88% das fazendas de melhor pontuação e 47% das fazendas de pior pontuação estão abaixo do limite).
Vale destacar que a análise apresentada considerou o período de 12 meses e que a nova legislação utiliza, como critério, a média geométrica trimestral. Portanto, em função da diferença dos critérios, não podemos afirmar que 30% das fazendas estariam acima do limite. O intuito do levantamento foi considerar a situação global das fazendas em termos de qualidade de leite.
Em termos de perfil racial, o grupo de animais com predominância de origem de raça leiteira europeia (Perfil 1) teve a melhor CCS geral no tanque (299 mil cél./ml em 46 fazendas), seguido pelo Perfil 2 (387 mil cél./ml em 97 fazendas) e por último, pelo Perfil 3 (507 mil cél. /ml em 36 fazendas). O Perfil 1 teve 82,6% das fazendas abaixo de 500 mil cél./ml, seguido do Perfil 2, com 69,1% e do Perfil 3, com 55,6%, como demonstra a Tabea 1
CCS INDIVIDUAIS – MASTITE SUBCLÍNICA
Em termos de análises individuais de leite, especificamente da CCS, analisamos o percentual de mastite subclínica em relação ao total de matrizes analisadas no período. O limite para a caracterização da mastite subclínica foi de 200 mil cél./ml e o percentual médio da doença, considerando todas as análises por fazenda no período de 12 meses, variou de 52% a 37%, da pior para a melhor faixa de pontuação e a média geral foi de 40,5%., conforme Gráfico 3.
A Tabela 2 mostra que as análises individuais consideradas estão relativamente bem distribuídas pelo perfil racial das matrizes: Perfil 1 com cerca de 130 mil análises, Perfil 2 com cerca de 118 mil análises e Perfil 3 com cerca de 121 mil análises. O desempenho no quesito percentual de matrizes com mastite subclínica foi 33,6% para o Perfil 1, seguido de 40,6% para o Perfil 2 e, por último 47,6% para o Perfil 3.
BOAS PRÁTICAS NO COLETA E REGISTRO DAS INFORMAÇÃO SÃO FUNDAMENTAIS PARA O INCREMENTO DA QUALIDADE DE LEITE
Dada a relevância da necessidade de profissionalização do setor leiteiro no Brasil, especialmente no que tange à qualidade do produto, e analisando o volume de lançamento de dados relacionadas à qualidade de leite, vem à mente a frase perpetuada por Peter Drucker, mas atribuída ao consultor W. Edwards Deming, “o que não se mede, não se gerencia”.
Não há dúvidas de que o volume de dados obtidos para a elaboração da coluna foi relevante e reforça a importância do IILB para a produção de dados para a cadeia produtiva do leite: mais de 250 mil análises de CCS individuais e análises de tanque de fazendas que representam uma produção diária de mais de 500 mil litros de leite.
Mas, e as outras centenas de fazendas que entraram no IILB 3 e tantas outras no país, usuárias ou não do Ideagri, que não têm dados relacionados à qualidade de leite adequadamente registrados? Será que medem os parâmetros avaliados na coluna? Se medem e não registram, conseguem, realmente, gerir a informação (correlacionar com produção, dias em lactação, critérios para descarte, históricos de cultivos), para tomar decisões?
Completando a linha de pensamento de Deming, não adianta medir se não for possível analisar os registros de forma adequada. No contexto da coluna, por exemplo, correlacionando as informações de qualidade de leite com os demais dados da fazenda e das matrizes e atuando na melhoria do desempenho.
IILB
Assista ao vídeo sobre o Índice IDEAGRI do Leite Brasileiro (IILB) que vem mudando a forma como toda a cadeia produtiva no Brasil promove a avaliação do desempenho do setor. No vídeo, confira informações sobre a abrangência, metodologia e saiba como acessar as informações.