A seca é um agravante para o ganho de peso dos bovinos de corte e a suplementação se configura como uma das principais estratégias para reverter esse quadro.
A seca é um agravante para o ganho de peso dos bovinos de corte e a suplementação se configura como uma das principais estratégias para reverter esse quadro.
Não é novidade afirmar que todo ano tem seca, certo? Mais intensa em um ano do que em outro e mais severa que em uma região do que em outra, é fato que, em determinada época do ano, com a chegada do outono/inverno, os dias ficam mais frios, com menos horas de luz e pouca chuva. Essa condição impacta diretamente no crescimento das plantas forrageiras tropicais, resultando na redução da qualidade do pasto que ofertamos para o rebanho.
O resultado da seca no ganho de peso dos animais também já não é novidade. Se nada for feito (suplementação), somente o consumo de pasto seco levará a perda de peso. Isto acontece porque na seca temos um pasto com alta quantidade de fibra e baixa proteína bruta (PB) e o resultado dessa combinação é a limitação da capacidade ingestiva do animal, principalmente pelo comprometimento e redução da atividade dos microrganismos ruminais. Sendo assim, na seca, precisamos suplementar a dieta do animal pensando em “colocar o rúmen para funcionar” e ativar a velocidade de trabalho das bactérias ruminais. Assim, se reduz o tempo para “degradar” a fibra consumida pelo animal, resultando em aumento de consumo e consequentemente, ganho de peso.
Um dos segredos de bons nutricionistas é ter muito claro o funcionamento da complexa máquina fermentativa que é o rúmen.
Lembre-se que são características relacionadas à temperatura, ao pH e ausência de oxigênio que permitem o desenvolvimento de bactérias, fungos e protozoários. São esses os microrganismos que colonizam e transformam o alimento consumido em energia e proteína para o animal.
Cabe destacar as bactérias (principal grupo de microrganismo) e pontuar que estas demandam pelo menos 8% de PB na dieta para não ter o “trabalho” comprometido. Elas aumentam a taxa de degradação de fibra e síntese microbiana em valores próximos a 12% de PB (podendo variar em função da quantidade de energia disponível no alimento).
É fato que a suplementação é uma das principais ferramentas a serem utilizadas dentro dos sistemas produtivos de bovinos de corte em pastejo.
Seu uso deve ter como objetivo corrigir nutrientes limitantes (de acordo com a época do ano e/ou situações específicas), permitindo o crescimento contínuo dos animais e consequente redução no ciclo de produção.
O primeiro foco ao suplementar os animais é corrigir os limitantes nutricionais do pasto e potencializar o aproveitamento da matéria-seca (MS) consumida no rúmen do animal. Ao suplementar, primeiro pense em potencializar a degradação da fibra, consumo de MS, síntese microbiana e produção de AGVs (ácidos graxos voláteis).
Dado as características do pasto e as necessidades do rúmen na seca, devemos inicialmente corrigir a proteína deficiente no pasto no intuito de otimizar a degradação na MS no rúmen, aumentar a taxa de passagem e consequentemente o consumo do animal, resultando em melhora do ganho de peso. A suplementação básica de seca deve colocar o rúmen para funcionar através da correção da PB.
Um bom proteinado deve respeitar a relação entre ureia e proteína verdadeira (aquela que vem de farelos proteicos), otimizando assim a degradação do alimento e o crescimento microbiano.
Legalmente, segundo o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), o proteinado pode ter até 85% da PB vinda de ureia, porém alguns trabalhos apontam que a melhor taxa de degradação e síntese microbiana acontece quando a relação das fontes de proteína bruta são compostas por 1/3 de farelo e 2/3 de ureia.
Nota:
Síntese microbiana = quantidade de microbiota formada a partir da degradação da MS consumida pelo animal.
Taxa de degradação = velocidade de degradação da MS do alimento consumido pelo animal.
Evoluindo na suplementação de seca, saltar de um proteinado de baixo consumo para um suplemento proteico energético de alto consumo, teria como objetivo além das correções nutricionais para as bactérias do rúmen, dar combustível (energia) para “acelerar” ainda mais o processo fermentativo ou explorar o efeito substitutivo, trocando forragem por suplemento e favorecendo o aumento do ganho médio diário de peso (GMD).
No quadro abaixo, temos as estratégias mais trabalhadas durante o período seco. Colocá-las lado a lado permite visualizarmos não só a diferença de GMD, mas as mudanças nas formulações e os ajustes operacionais necessários para cada uma.
Aqui destacamos a importância dos ajustes estruturais e operacionais para cada estratégia. Este é um ponto fundamental para que o desempenho planejado no papel se materialize na prática. Recomendamos fortemente que você tenha um protocolo para fazer a gestão da suplementação, monitorando constantemente o planejado e realizado para cada estratégia.
Conhecido por corrigir as limitações da forragem consumida pelo animal e melhorar o processo fermentativo, resultando no aumento do consumo e consequente melhora do GMD dos animais, o uso do proteinado acaba sendo uma estratégia temida por aqueles pecuaristas que não fizeram a lição de casa e estão com pouco pasto no período seco.
“Se eu tratar com proteinado, aí que meu pasto acaba mesmo!” Esse é o discurso que acabamos escutando às vezes em nosso dia a dia. Mas, será que isso é verdade mesmo? Pois bem, vejamos.
Quando temos limitação da oferta de forragem, um animal que gastaria normalmente 8 horas do seu dia pastejando acaba aumentando esse tempo (devido a oferta restrita de alimento) chegando a pastejar no máximo de 12 a 13 horas. Mesmo assim, em alguns casos, ele não ingere a quantidade de alimento que precisa. Afinal esse animal também precisa ruminar e descansar.
Nesse contexto, fazer uso do suplemento proteico não irá resultar no aumento do consumo de MS pelo animal, visto que existe a limitação da oferta de forragem e do tempo de pastejo. Sendo assim, precisamos tirar proveito do que o animal consome.
Ou seja, devemos melhorar o processo fermentativo corrigindo a limitação proteica do capim com o suplemento e melhorar a síntese microbiana. Assim, será produzida mais energia e proteína por meio do mesmo alimento consumido, minimizando os efeitos negativos da falta de pasto.
1. Certifique-se que o suplemento escolhido é compatível com a realidade estrutural/operacional da fazenda, com a categoria em questão e com a meta de ganho do projeto;
2. Planeje a logística de trato e faça a gestão da suplementação;
4. Se a estratégia escolhida for de fornecimento semanal, não deixe faltar o produto no cocho. Se a estratégia for de fornecimento diário, faça o trato todo dia no mesmo horário;
5. Monitore o escore de fezes e utilize ele como termômetro para indicar a necessidade de ajuste da proteína bruta da formulação. Fezes duras indicam necessidade de mais proteína na fórmula.
Escrito por: @nafazendapontocom
Sobre a Rúmina
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Engloba as marcas Ideagri, líder em sistema de suporte à tomada de decisão para pecuária de leite; OnFarm, solução digital que ajuda na saúde do úbere; RúmiCorte, solução de tomada de decisão para pecuária de corte; RúmiCash, fintech voltada à cadeia do leite; RúmiEduca, programa de educação contínua; Rúmina Insights, plataforma de inteligência de dados; RúmiTank, tecnologia com base em sensores para monitoramento em tempo real do funcionamento do tanque de leite e o RúmiScore, o maior benchmarking de produtividade e sustentabilidade da pecuária de leite do Brasil.
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