Profissionalização, escala e investimentos: o trio “parada dura” do leite brasileiro

O Brasil possui uma das maiores margens no preço pago pelo leite quando falamos em América Latina, porém, mesmo assim, o seu volume de produção permanece estagnado. 

Dados de um levantamento recente da Embrapa Gado de Leite indicam que apesar dos altos custos dos insumos no País, o leite é atualmente uma atividade rentável quando praticada em escala. Segundo a pesquisa, mesmo com os altos e baixos da atividade, para muitos, o equilíbrio e a rentabilidade continuam invictos justamente pelo volume produzido. 

O aumento de escala nas grandes propriedades e a maior produção por animal compensam a saída de alguns produtores da atividade. Não é à toa que aproximadamente 2% dos estabelecimentos em operação no Brasil produzem 30% de todo leite captado. Para exemplificar, dados apontam que em 2015, a produtividade média era de 1.615 litros por vaca ano, valor que atingiu 2.181 litros em 2021, sinal de maior produtividade e investimento nos plantéis. 

No estudo, outra informação interessante foi divulgada: as transformações do setor lácteo são reflexo de um envelhecimento na gestão e da falta de sucessão. Quando os filhos resolvem ficar na atividade, geralmente o fazem com incremento de tecnologia e nos processos produtivos que ajudam no ganho de escala e tecnificação. Na mesma linha, dados da Emater indicam avanços no uso de robotização nos municípios gaúchos: em 2019, eram apenas quatro unidades em operação no estado, e, em 2021, 110. Atualmente, estima-se que sejam 300 unidades. 

Mas, retornando ao ponto inicial deste artigo, onde queremos chegar? É nítido e um caminho sem volta que a atividade leiteira continuará seguindo cada vez mais rumo ao profissionalismo e de escala, trajetória já trilhada em outros segmentos de proteínas animais. Mesmo a cadeia sendo bastante heterogênea, há um processo de mudança estrutural ocorrendo, afinal, aumentar a eficiência do uso dos recursos é essencial e investimentos “certeiros” junto a melhores tomadas de decisões são essenciais. Não dá mais para brincar em serviço. Sabe aquela velha frase “ou vai ou racha”

O produtor que trabalha visando escala, inclusive, tem melhor rentabilidade pela sua robustez e, como naturalmente são mais eficientes, abocanham uma parcela do mercado que “peca” pela instabilidade, matéria-prima de menor qualidade e incertezas.

Explorando a seleta amostragem dos Top 100 

Se analisarmos a pesquisa Top 100 deste ano realizada pelo MilkPoint, a produção em 2022 alcançou média diária de 26.721 litros, 4,75% superior a 2021 e 308% maior que no primeiro levantamento realizado, em 2001. Este ritmo de crescimento é muito superior quando comparado à produção total brasileira.

Os 100 maiores produtores do país somaram, aproximadamente, 975 milhões de litros no ano de 2022, número significativamente superior ao último levantamento realizado. Em 2022, 58% dos produtores consideraram a rentabilidade da atividade leiteira melhor se comparada ao ano anterior. Em 2021, esse percentual foi de 35%. 

De acordo com o Top 100, fica evidente que, especialmente após 2012, há um descolamento das tendências. Enquanto a produção do país andou de lado, os Top 100 tiveram um crescimento acentuado, elevando em média 7,8% ao ano sua produção.  

Gráfico 1: Índice de crescimento do volume de produção de leite dos Top 100, produção de leite formal e total do Brasil, 2001 a 2022. Fonte: MilkPoint. 

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De acordo com os próprios autores da pesquisa Top 100, “apesar de ser uma amostragem seleta da produção do país, ainda que haja heterogeneidade, os líderes do segmento espelham pontos que refletem mudanças na cadeia, como o aumento da escala de produção, de produtividade e de profissionalização”.  

Não tenha medo dos investimentos!

Melhorar a eficiência dos fatores de produção e avançar na economia de escala, utilizando ao máximo os investimentos na busca de melhores resultados, é primordial para a alavancagem do negócio. Sabemos que a produção leiteira é complexa e exige do produtor uma extensa gama de conhecimentos e aporte de recursos, tanto da parte estrutural quanto operacional. 

Para isso, reforçamos que a tomada de crédito pode ser uma ação extremamente importante e estratégica para o negócio. O crédito só será prejudicial e gerará prejuízos à saúde financeira quando ele representar um comprometimento da renda desproporcional para o tomador do recurso. Por exemplo, se as amortizações e os juros da operação impossibilitarem a geração de caixa da empresa. Caso contrário, é um baita “braço-direito”. 

Usar crédito para a realização de investimentos na propriedade rural, como para a construção de um novo barracão, é uma “estratégia de ouro” se o pecuarista não possui naquele momento toda a quantia necessária para levantar a estrutura e comprar os equipamentos necessários. No longo prazo, o aumento de produtividade dos animais nesse sistema produtivo irá angariar uma receita que compensará os juros que ele pagou ao tomar o recurso financeiro. 

Os créditos podem ser os grandes responsáveis por contribuírem com a evolução das leiterias e um convite para isso é que você se permita desbravar os benefícios de contar com essa ferramenta para o seu negócio. E que tal desmistificar juntos que há sim dívidas saudáveis quando há conscientização sobre as decisões tomadas? 

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Autores: 

Leonardo Araújo 

Raquel Maria Cury Rodrigues

Fontes consultadas: 

 Sobre a Rúmina 

A Rúmina é uma empresa de soluções inovadoras para a pecuária no Brasil e América Latina, com foco em apoiar os produtores de hoje a se tornarem os produtores do futuro: mais produtivos e sustentáveis. Por meio de tecnologia, transforma dados das fazendas em uma experiência digital inteligente, que apoia o produtor e empodera a cadeia a tomar decisões mais seguras dentro do negócio.

Engloba as marcas Ideagri, líder em sistema de suporte à tomada de decisão para pecuária de leite; OnFarm, solução digital que ajuda na saúde do úbere; RúmiCorte, solução de tomada de decisão para pecuária de corte; RúmiCash, fintech voltada à cadeia do leite; RúmiEduca, programa de educação contínua; Rúmina Insights, plataforma de inteligência de dados; RúmiTank, tecnologia com base em sensores para monitoramento em tempo real do funcionamento do tanque de leite e o RúmiScore, o maior benchmarking de produtividade e sustentabilidade da pecuária de leite do Brasil.

Mais informações: www.rumina.com.br

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