Tecnologia a favor das fazendas leiteiras: rebanho conectado, produtividade no topo 

Com o avanço da tecnologia e a busca constante por eficiência no manejo pecuário, o monitoramento de vacas leiteiras está passando por uma verdadeira revolução. Colares inteligentes, equipados com sensores de alta precisão, estão mudando a forma como os produtores cuidam da saúde, nutrição e bem-estar dos seus animais. 

Hoje, em vez de depender apenas da observação visual, é possível acompanhar em tempo real o comportamento de cada vaca, identificando mudanças na ruminação, atividade e até sinais iniciais de doenças.

25,4 bilhões até 2028! 

Em 2023, o mercado de agricultura inteligente, incluindo monitoramento de rebanhos, foi avaliado em cerca de US$ 16,2 bilhões, com previsão de atingir US$ 25,4 bilhões até 2028, impulsionado pelo crescimento do uso de IoT (internet das coisas), IA (inteligência artificial) e sensores. 

Os dados acima refletem uma mudança no perfil do produtor moderno, que busca não apenas melhorar a produtividade, mas também promover uma gestão mais sustentável e assertiva. Esses sistemas permitem intervenções mais rápidas e personalizadas, economizando recursos e garantindo que as vacas estejam sempre no seu melhor desempenho. 

O que as pesquisas atuais nos dizem? 

Estudos apontam que pesquisadores e produtores estão interessados ​​em encontrar o melhor sistema de monitoramento possível disponível e, em geral, as principais tecnologias são aquelas que melhoram, sem nenhuma ordem específica:

(1) a eficiência da fazenda;
(2) a economia da fazenda;
(3) a tomada de decisões;
(4) o bem-estar animal e;
(5) a felicidade do produtor.

Algumas coisas simplesmente ainda não são eficientes nas fazendas leiteiras e poderiam ser melhoradas com a implementação do monitoramento. Por exemplo, observar visualmente as vacas em busca de sinais de cio por algumas horas por dia é uma tarefa que poderia ser confiada a tecnologia para que os produtores pudessem usar esse tempo para trabalhos de alto nível, como avaliar resultados de testes (por exemplo, prenhez ou culturas de leite) e implementar mudanças de gestão para melhorar o rebanho.

Um ensaio recente apontou que dispositivos de monitoramento foram capazes de detectar o cio tão eficazmente quanto a observação visual, além disso, elevaram de 15 a 35% a ação comparada à apuração humana. 

O auge do monitoramento em tempo real potencializado pelo domínio dos dados é permitir ao produtor, além das informações em mãos, segurança para usá-las a fim de compreender melhor as questões reprodutivas subjacentes e tomadas de decisões gerenciais, otimizando o rebanho como um todo. 

Vacas com mastite clínica podem ser incapazes de se deitar confortavelmente ou se alimentarem bem  

A implementação de dispositivos de monitoramento animal tem o potencial de melhorar o bem-estar animal em várias facetas. Pesquisadores apontam três preocupações sobrepostas de bem-estar animal: funcionamento biológico, estado afetivo e vida natural. Por exemplo, uma vaca com mastite clínica pode ser incapaz de se deitar confortavelmente ou se alimentar bem (vida natural), sentirá dor (estado afetivo) e terá produção de leite reduzida (funcionamento biológico).

Grande parte da preocupação com as enfermidades surge do incômodo dos animais e melhorias no bem-estar podem otimizar os outros aspectos. Portanto, uma tecnologia que auxilie na detecção da mastite no início ou antes dos sinais clínicos permite que um produtor trate a vaca mais rapidamente, diminuindo a quantidade e a duração da dor experimentada (estado afetivo). Essa redução na dor pode permitir que a vaca se deite e se alimente bem novamente (vida natural) e diminua a quantidade de produção de leite perdida (funcionamento biológico). 

Além de mastite, o monitoramento é um braço direito para o diagnóstico precoce de outras enfermidades. O balanço energético negativo (BEN) ocorre no início da lactação, quando as vacas mobilizam reservas de energia para equilibrar a energia insuficiente. Após o parto, os sistemas metabólico, imunológico e endócrino passam por mudanças dramáticas que tornam as vacas mais suscetíveis a doenças. 

Cerca de 30% a 50% das vacas leiteiras desenvolvem doenças pós-parto ou infecções próximas ao parto e alguns estudos relataram uma taxa de incidência de hipercetonemia subclínica entre 26 a 56%. Outros, indicaram que a incidência média de hipocalcemia foi de 21% e que a incidência de metrite após o parto foi de 10 a 20%. Além disso, o custo da hipercetonemia subclínica foi relatado em US$ 67/caso; da hipocalcemia US$ 335/caso e da metrite foi em média de US$ 162,3/caso. 

Portanto, adaptações no metabolismo energético, proteico e mineral são fundamentais para uma transição bem-sucedida para uma nova lactação. A manutenção de uma nutrição e gestão adequadas melhora a saúde, a fertilidade e a produtividade do gado leiteiro, permitindo aos produtores poupar mão de obra e melhorar a rentabilidade. 

Assim, monitorar de perto as vacas durante este período crítico é fundamental para a longevidade das vacas. Sinais comportamentais alterados poderiam ser usados ​​para detectar vários problemas de saúde e ter acesso fácil a dados registrados com frequência poderia ajudar a compreender o estado de saúde de uma vaca. 

Por exemplo, o aumento do tempo de descanso pode ser indicativo de doença, pois as vacas doentes priorizam o descanso em detrimento de outras atividades para que possam conservar energia para a resposta à febre. Sinais que podem auxiliar na detecção de doenças pós-parto incluem diminuição da ruminação, mudanças na atividade, comportamentos alimentares alterados e menos passos dados. 

Integração das tecnologias de monitoramento com outras soluções

Tecnologias de monitoramento fornecem grandes quantidades de informações, o que para algumas fazendas que não são adeptas a uma boa gestão, acaba se tornando um problema. Ao mesmo tempo, a capacidade de processar dados e apresentar informações de forma precisa e fácil de entender é fundamental para que  os produtores transformem essas informações em ações aplicáveis.  

Por isso, os produtores que mais se beneficiam das tecnologias de monitoramento são aqueles que as implementam como parte de suas práticas operacionais padrão diárias. Integrar a tecnologia de monitoramento, como o RúmiAction, a um sistema de gestão, como o Ideagri, por exemplo, permite que o produtor de leite use três de seus sentidos mais importantes para entender os dados: senso comum, senso de vaca e senso de negócios.

Assim, fica evidente que o futuro das fazendas leiteiras, cada vez mais conectadas, aponta para uma gestão baseada em dados, onde a análise precisa e a ação assertiva elevam o desempenho do rebanho ao seu máximo potencial.

Fontes consultadas:

  • MARKETSANDMARKETS. Smart Agriculture Market by Offering (Hardware, Software, Services), Agriculture Type (Precision Farming, Livestock Monitoring, Precision Aquaculture, Precision Forestry, Smart Greenhouse), Application, Farm Size, and Region – Global Forecast to 2025. Disponível em: https://www.marketsandmarkets.com/Market-Reports/smart-agriculture-market-239736790.html. Acesso em: 12 set. 2024.
  • SILVA, Thiago H. et al. Effect of lipid content in diets of dairy cows on milk fatty acid composition and methane emissions. Livestock Science, v. 241, p. 104198, 2020. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1871141320305813. Acesso em: 12 set. 2024.
  • ZHANG, Rongrong et al. Dietary supplementation of alfalfa flavonoids in dairy cows during the periparturient period improves performance, antioxidative status and immune function. Journal of Dairy Science, v. 103, n. 9, p. 8541-8551, 2020. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0022030220302964. Acesso em: 12 set. 2024. 

Autoria do artigo:

Raquel Maria Cury Rodrigues

Categoria
Tags
Compartilhe:
plugins premium WordPress