Transferir o comando da fazenda leiteira a um sucessor envolve diálogo e uma boa gestão. Planejar a sucessão familiar é um dos segredos para melhores resultados nesse processo.
Qual será o melhor caminho a ser traçado para que os mais jovens se sintam motivados a ficarem no campo e, assim, darem sequência à sucessão familiar do negócio rural? Preocupação atual do agro, essa é a razão para que – desde cedo – seja desenhado um planejamento a fim de estimular as próximas gerações a se envolverem com o negócio.
Já é sabido que há dificuldades para que hoje os produtores encontrem mão de obra especializada para trabalhar na fazenda leiteira, mas, além disso, nota-se que os proprietários vêm encontrando empasses para transferir a gestão e o comando para os seus filhos ou outros possíveis sucessores familiares. E são diversos os possíveis motivos dessa atual realidade, como:
– desejo de mudança no estilo de vida dos mais jovens;
– interesse pela urbanização e as suas facilidades (como meios de comunicação e maior possibilidade de vida social);
– receio de conflitos familiares e trabalho extenuante;
– busca por melhores condições a nível educacional;
– receio de não terem espaço para inovarem e empreenderem na organização;
– percepção de falta de vocação e preparo para gerenciarem a fazenda;
– pouco investimento realizado na propriedades nos últimos anos;
– entre outros.
Por que investir em gestão é uma boa opção para integrar as novas gerações?
Uma das principais observações a ser feita é que a sucessão familiar vai além de questões relacionadas à herança. Ela é um processo contínuo e consistente para modernizar o empreendimento, este, que muitas vezes já esteve nas mãos de várias gerações.
Por isso, é de extrema importância que as duas partes envolvidas estejam dispostas a dialogar a fim de evitar desavenças, afinal, a tradição e a experiência pelos “anos de casa” sempre podem andar de mãos dadas com ideias inovadoras e a implantação de tecnologias. O ideal, é que as diferenças culturais e entre as idades sejam respeitadas e levadas em consideração.
É normal que os sucessores apresentem dúvidas na condução do negócio e felizmente a maioria delas poderá ser respondida com a ajuda de ferramentas gerenciais, como por exemplo:
– acesso ao fluxo de caixa dos últimos anos;
– receitas, despesas e investimentos realizados;
– histórico de índices zootécnicos e do desempenho da lavoura;
– mapeamento de processos, projetos e técnicas aplicadas;
– lista de fornecedores e prestadores de serviços;
– agenda de atividades dos funcionários e do produtor;
– entre outros.
Vale destacar que a gestão deve ser simples, personalizada e internalizada. O objetivo é que ela gere segurança, domínio, bem-estar e o maior importante: resultados.
Hoje são várias as fazendas que optam por sistemas gerenciais que contribuem com o levantamento e organização dos dados, ponto essencial para o processo de sucessão familiar já que auxilia no retrato de um panorama da situação atual da fazenda leiteira. A gestão abre caminhos para que o sucessor se sinta seguro em tomar decisões e mais confiante em administrar o negócio.
Autonomia e profissionalização
Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) em 2018, embora o cenário externo exerça influência na decisão dos jovens em toparem ou não sucederem a propriedade, é o ambiente interno que conduzirá o caminho escolhido pela juventude rural.
O levantamento – que contou com 743 filhos de produtores rurais gaúchos com idades entre 13 e 21 anos – aponta que uma das causas que levam os filhos de produtores a desejarem ser sucessores é a autonomia dada pelos pais para que eles participem das decisões referentes à propriedade.
Ainda de acordo com o estudo, no caminho para a troca ou compartilhamento de bastão no meio rural, um ponto é visto como chave entre os especialistas: a necessidade de profissionalizar os sucessores para enfrentarem um mercado global cada vez mais competitivo. Além disso, a construção de um alinhamento entre os membros da família com propósito, visão de futuro, transmissão da cultura e de conhecimento.
Conforme uma das conclusões dos pesquisadores, em qualquer circunstância, as crianças e jovens devem sempre ser ensinados a valorizar o trabalho familiar e ter em mente a importância da produção de alimentos para a sociedade.
Assim, a fim de evitar o aumento do êxodo rural, é interessante que a produção leiteira ofereça condições gerenciais, econômicas, financeiras e estruturais para incentivar os mais jovens a permanecerem no campo, além de políticas públicas direcionadas para esse caso. Também, é fundamental conhecer as razões pelas quais o interesse pode não estar ocorrendo e a consequente elaboração de uma proposta de soluções para auxiliar na solução desse gargalo.
Sobre o Ideagri
O sistema Ideagri é o mais completo sistema para pecuária de leite do mercado e oferece administração de todas as áreas da sua fazenda, seja para informações zootécnicas dos seus animais, como também para a administração financeira.
O que lemos para escrever esse artigo:
Colussi, J. Os motivos que fazem os jovens ficarem ou deixarem o campo no RS, GZH, 2019. Disponível em: <https://bityli.com/YcLWGL>. Acesso em: 09/05/2022.
Vieira, V; Martinelli, R.R; Bankuti, F.I. Permanecer ou sair do campo: um dilema da juventude, MilkPoint, 2021. Disponível em: <https://www.milkpoint.com.br/artigos/producao-de-leite/permanecer-ou-sair-do-campo-um-dilema-da-juventude-224939/> . Acesso em: 09/05/2022.
Webinar Sucessão Familiar – On-line Gratuito ao vivo – Ideagri, 2021. Disponível em: <https://ideagri.com.br/posts/webinar-sucessao-familiar-online-gratuito-ao-vivo-24-de-marco>. Acesso em: 09/05/2022.
Autora do artigo:
Por: Raquel Maria Cury Rodrigues, zootecnista pela UNESP de Botucatu e Especialista em Gestão da Produção