Dicas de ouro para reduzir a CCS e a CPP nas fazendas de leite

Para ter qualidade no leite, redução de mastite e lucratividade, é essencial o uso de indicadores como a contagem de células somáticas e a contagem padrão em placas.  

 

A Contagem Padrão em Placas (CPP) e a Contagem de Células Somáticas (CCS) são aliadas do produtor de leite visto que são parâmetros que os guiam na identificação de possíveis problemas com a qualidade do leite.

 

A CCS nada mais é do que a quantidade de células de defesa da vaca e de células epiteliais da glândula mamária por cada mL de leite. Esse indicador se relaciona diretamente com a saúde da glândula mamária já que quando há um processo infeccioso em curso, ocorre a migração dessas linhagens celulares para tentar combater o microrganismo responsável pela mastite.

 

São diversas as consequências negativas causadas pelos altos valores de CCS, tanto com relação ao impacto negativo na produção de leite, como no rendimento industrial devido às alterações na composição da matéria-prima. Por isso, é importante que a CCS seja controlada  e que haja a implantação de medidas de controle com base nas prioridades, objetivos, situação financeira e potencial de crescimento da fazenda.

 

Não ter um plano para detectar continuamente as vacas com mastite subclínica pode acabar saindo caro para o bolso do produtor de leite.

 

Então, como controlar a contagem de células somáticas no rebanho?

 

Antes de tudo, é interessante destacar que a CCS do tanque é um indicador para a mastite subclínica no rebanho. Já a CCS individual, além de também calcular a prevalência de mastite subclínica, monitora a incidência de novos casos e a prevalência de animais crônicos.

 

A implementação da rotina na coleta dos dados e a identificação dos patógenos causadores de mastite são peças-chave no combate à doença. Tratar (quando necessário) as vacas às cegas, faz com que as chances de cura sejam menores, assim como a rentabilidade do negócio.

 

Assim, é recomendado a cultura microbiológica do leite em animais que apresentarem CCS >200 mil células/ml e de todos novos casos de infecções subclínicas (CCS <200 mil na análise anterior e >200 mil na análise atual), dos animais pós-parto (principalmente novilhas) e de mastite clínica.

 

Além da avaliação desses indicadores, é necessário acompanhar a situação do rebanho e desenhar o escopo do problema, começando, por exemplo, com esses itens:

 

  • análise da frequência de novos casos;
  • infecções curadas e crônicas;
  • ajustes na linha de ordenha;
  • separação dos animais sadios e infectados;
  • cálculo de contribuição individual das vacas sobre a CCS do tanque.

 

Outras dicas valiosas para evitar o aumento de contagem de células somáticas são:

 

  • manutenção das vacas leiteiras em ambientes limpos, confortáveis, bem dimensionados e limpos constantemente para reduzir a contaminação dos tetos;
  • rotina de ordenha organizada e com respeito a todos os procedimentos a fim de resultar em tetos limpos, secos e bem estimulados;
  • rotina de manutenção e uso adequado dos equipamentos de ordenha. Estes, devem passar por avaliação e manutenção periódica para a garantia do seu bom funcionamento;
  • dar a devida atenção para a secagem das vacas a fim de evitar novas infecções;
  • descarte e/ou segregação de vacas com mastite crônica;
  • implantação de medidas de biossegurança contra mastite contagiosa e;
  • avaliação periódica das medidas de controle de mastite.

 

Contagem padrão em placas: um bom indicador higiênico-sanitário da ordenha

 

A CPP quantifica o número total de bactérias aeróbias do leite cru. Ela é utilizada para monitorar a qualidade do manejo de ordenha, já que acaba sendo um retrato das práticas adequadas de limpeza do sistema de ordenha, higiene do úbere, técnicas para prevenção, controle da mastite, entre outros.

 

Na CPP, uma alíquota de leite é distribuída em placas com meio de cultura e incubada. As bactérias presentes no leite, e que se encontram viáveis, crescem a tal ponto de serem visíveis a olho nu, chamadas “colônias”. Com isso é possível contar quantas cresceram e em função do volume da amostra, determina-se a CPP expressa em unidades formadoras de colônias por mL de leite (UFC/mL).

Embora seja muito difícil eliminar todas as fontes de contaminação bacteriana no leite, há muitas medidas para reduzir essa contagem focando principalmente em procedimentos de ordenha bem realizados.

 

É interessante destacar que a contaminação do leite cru ocorre principalmente durante e após a ordenha. A contaminação ambiental da pele dos tetos e do úbere são potenciais fontes de contaminação do leite cru durante a ordenha. Os tetos podem estar contaminados pela microbiota normal da pele dos tetos ou por microrganismos ambientais. A microbiota da pele dos tetos tem menor contribuição para a contaminação do leite, pois não se multiplicam no leite refrigerado.

 

Ainda abordando o tema refrigeração, vale a pena destacar a importância dessa importante etapa dentro da propriedade após a ordenha, pois quanto mais rápido for a redução da temperatura, melhor será a conservação do leite. O resfriamento imediato após a ordenha em temperatura ideal com condições adequadas de higiene sem dúvidas é um dos principais pontos na produção de leite com qualidade, pois com a temperatura de armazenamento correta, diminui-se a taxa de multiplicação bacteriana.

 

Segundo a IN 76, tanto na refrigeração do leite quanto no seu transporte até o estabelecimento, devem ser observados os seguintes limites máximos de temperatura:

 

I – Recebimento do leite no estabelecimento: 7,0° C (sete graus Celsius), admitindo-se, excepcionalmente, o recebimento até 9,0° C (nove graus Celsius);

II – Conservação e expedição do leite no posto de refrigeração: 4,0° C (quatro graus Celsius);

III – Conservação do leite na usina de beneficiamento ou fábrica de laticínios antes da pasteurização: 4,0ºC (quatro graus Celsius).

 

Importância da manutenção do equipamento de ordenha

 

Os resíduos orgânicos que compõem o leite, como gordura, proteína e lactose, ficam aderidos à superfície interna dos equipamentos de ordenha e favorecem a multiplicação de microrganismos contaminantes. Os equipamentos de ordenha são a principal fonte de contaminação do leite cru.

 

Sendo assim, os procedimentos de limpeza e higienização dos equipamentos afetam diretamente a contagem padrão em placas do tanque e por isso, é fundamental que essas práticas façam parte da rotina, inclusive, com o uso de água clorada e de boa qualidade.

 

É por meio dessas e de outras ferramentas que se torna possível produzir leite com qualidade e que atenda as demandas do mercado, tornando a cadeia leiteira brasileira forte e competitiva no cenário do agronegócio.

Sobre a OnFarm

A OnFarm traz uma solução simples, inovadora e única, que permite a identificação da causa da mastite em 24 horas, na própria fazenda, através da cultura microbiológica. Conhecer o agente de forma rápida é indispensável para o sucesso de qualquer programa de controle da mastite. A tecnologia acredita no empoderamento dos produtores, para que tomem decisões cada vez mais assertivas. O produtor em primeiro lugar, sempre. Para mais informações acesse: https://onfarm.com.br/ ou entre em contato no WhatsApp (19) 97144-1818 ou e-mail: contato@onfarm.com.br | Acompanhe nas redes sociais: Instagram | Facebook | LinkedIn | Youtube

O que lemos para escrever esse artigo:

 

  • Cassoli, L.D. Contagem Bacteriana Total (CBT): entendendo as análises. MilkPoint, 2013. Disponível em: <https://www.milkpoint.com.br/colunas/clinica-do-leite/contagem-bacteriana-total-entendendo-o-processo-de-analise-205260n.aspx>. Acesso em: 11/04/2022.

 

  • Contagem padrão em placas: um bom indicador da qualidade do manejo de ordenha, EducaPoint, 2021. Disponível em: <https://www.educapoint.com.br/blog/industria-leite/cpp-qualidade-manejo-ordenha/>. Acesso em: 11/04/2022.

 

  • HORST, J. A. Impacto da refrigeração na Contagem Bacteriana do leite. In: MESQUITA, A.J.; DURR, J.W.; COELHO, K.O. Perspectivas e avanços da qualidade do leite no Brasil. Goiânia: talento, 2006, v1,p.163-174.
  • PACHECO, M.S. Leite cru refrigerado do agreste pernambucano: caracterização da qualidade e do sistema de produção. 2011. Dissertação (Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos) Universidade Federal Rural de Pernambuco. Recife-PE.

 

  • Rossi, G.A.M. CCS e CCP: o que essas contagens mostram quanto a qualidade do leite cru, Canal do Leite, 2021. Disponível em: <https://canaldoleite.com/colunas/gabriel-augusto-marques-rossi/ccs-e-cpp-o-que-essas-contagens-mostram-quanto-a-qualidade-do-leite-cru/>. Acesso em: 11/04/2022.

 

  • Yutzy, A. Make a Plan to Root out Costly Subclinical Mastitis, by Farm Journal Content Services, November, 2020. Disponível em: <https://www.dairyherd.com/news/business/make-plan-root-out-costly-subclinical-mastitis>. Acesso em: 11/04/2022.

 

Autoras deste artigo:

 

  • Raquel Maria Cury Rodrigues, Zootecnista pela UNESP de Botucatu e especialista em Gestão da Produção pela Ufscar.

 

  • Giulia Soares Latosinski. Médica Veterinária, Mestre em Medicina Veterinária Preventiva com ênfase em qualidade do leite, diagnóstico e controle de mastite bovina pela FMVZ/UNESP Botucatu e Analista de Sucesso do Cliente na OnFarm.
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