A mastite é uma das principais doenças que afeta vacas leiteiras e responsável por enormes perdas no setor de lácteos. Com a crescente preocupação relacionada ao uso de antimicrobianos na produção animal e o conhecimento de que é possível reduzi-los com a adoção de estratégias de prevenção e conhecimento mais detalhado sobre os patógenos, o desenvolvimento de métodos mais estratégicos destinados ao controle de mastite vem ganhando destaque.
Uma das ferramentas é a cultura microbiológica na fazenda, solução que oferece resultados rápidos que permitem aos produtores de leite tomar decisões estratégicas e de tratamento para casos de mastite na fazenda. Isso tudo porque o tratamento antimicrobiano é dispensável em diversos casos, como nas mastites causadas pela bactéria E.coli, outros microrganismos com alta taxa de cura espontânea ou casos sem crescimento bacteriano na análise.
Assim, tomar decisões com o tratamento baseado nos resultados da cultura na fazenda fornece a oportunidade de identificar o agente associado e a possibilidade de reduzir o uso de antimicrobianos. Com o uso da cultura na fazenda, vários benefícios podem ser gerados visando o tratamento racional dos casos de mastite clínica e controle da mastite subclínica.
Nos casos de mastite clínica, o resultado da cultura microbiológica na fazenda em 24h permite realizar o tratamento seletivo dos casos que realmente demandam terapia com antibiótico, e com isso traz os seguintes benefícios:
a) Redução em cerca de 50% do uso de antibióticos para tratamento de mastite clínica, e consequentemente, o descarte de leite que seria feito após o uso desses antibióticos;
b) Aumentar a eficiência dos protocolos de tratamento, por conhecer a bactéria que está causando a mastite e;
c) Redução do risco do aumento da resistência bacteriana resultante do uso imprudente de antibióticos.
Nos casos da mastite subclínica, a cultura microbiológica na fazenda pode auxiliar em:
a) Identificar rapidamente as vacas infectadas por bactérias contagiosas, por meio da cultura do leite de vacas pós-parto ou de vacas com alta CCS;
b) Avaliar a eficiência da terapia de secagem;
c) Identificar o perfil etiológico da mastite e os potenciais fatores de risco para as infecções do rebanho;
d) Identificar vacas para tratamento com antibióticos;
e) Definição do protocolo de secagem das vacas baseado no resultado da cultura microbiológica e;
f) Identificar vacas com patógenos que não respondem a terapia com antibióticos.
A maioria das pesquisas publicadas avaliaram a implantação da cultura na fazenda nos Estados Unidos, em rebanhos confinados, com baixa prevalência de patógenos contagiosos e sob diferentes condições climáticas e genéticas, diferentes dos rebanhos brasileiros. Por isso, a ideia deste artigo é trazer aos leitores um estudo que avalia a implantação da cultura da fazenda sob condições típicas brasileiras.
Pesquisa com a cultura microbiológica na fazenda
Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em parceria com a University of California Davis, USA, objetivou avaliar a utilização da cultura microbiológica de leite de vacas com mastite clínica (MC) e os resultados zootécnicos e econômicos após implementação desse procedimento.
Dados de 18 meses foram obtidos em uma fazenda em Minas Gerais com produção média de 23,1 litros de leite/vaca/dia, em duas ordenhas diárias em regime semi-intensivo. Após a identificação da MC, uma amostra de leite do quarto afetado foi coletada e encaminhada para o laboratório da fazenda.
Foram avaliados dados de 1.227 vacas em 1.582 lactações, sendo registrados 1.917 casos de MC. Os casos clínicos de mastite foram tratados uma vez ao dia com base nos resultados da cultura microbiológica. Foram realizadas duas avaliações financeiras (cenário 1 e 2).
O cenário 1 comparou a situação se todos os casos de MC fossem tratados (ausência de cultura na fazenda), comparado com a utilização da cultura na fazenda (dados reais) e as economias de recursos geradas durante o período de um ano. O cenário 2 utilizou os resultados reais após a economia de recursos gerados pela cultura, seguindo a recomendação ideal de tratamento. Foram avaliados 1.917 casos de MC (636 animais), totalizando incidência média anual de 48,2%. Do total dos casos avaliados, 76,8% foram classificados como mastite grau 1; 20% grau 2 e 3,2% grau 3.
A incidência de novos casos clínicos de mastite foi de 4,17% ao mês. Das amostras analisadas, 27,8% dos casos receberam a recomendação de não serem tratados e 72,2% de tratamento. Entretanto, apenas 18,6% realmente não foram tratados, totalizando 81,4% de tratamentos. Dos casos clínicos que não receberam antibioticoterapia intramamária, 84,3% apresentaram cura clínica. Já os casos que passaram por antibioticoterapia intramamária, a taxa de cura clínica foi de 84,0%.
No primeiro cenário, após a implementação da cultura na fazenda, o custo operacional total do caso clínico reduziu em 10,3%, com redução de 18,4% de utilização de antibióticos. Já no segundo cenário, houve redução de 5,5% no custo do caso clínico e redução de 11,8% na utilização de antibióticos (como dito anteriormente, essa porcentagem de redução pode ser de até 50%).
A implementação da cultura na fazenda e a metodologia aplicada, promoveu maior assertividade dos tratamentos dos casos de MC, com redução do custo operacional total do caso e da utilização de antibióticos na propriedade.
Vale destacar que o uso da cultura na fazenda fornece informações importantes que algumas vezes não são exploradas, além disso através dessa ferramenta é possível obter o perfil de patógenos causadores de mastite na fazenda, possibilitando assim determinar onde está à fonte de transmissão do microrganismo, seja no ambiente, nos equipamentos ou no manejo dos animais. Essas informações permitem ao produtor a realização de um trabalho preventivo ao invés de apenas curativo para que possa assim atuar diretamente no foco da transmissão e evitar que novas infecções aconteçam no rebanho.
Sobre a OnFarm, solução inovadora da Rúmina
A OnFarm, solução inovadora da Rúmina, traz uma solução simples, inovadora e única, que permite a identificação da causa da mastite em 24 horas, na própria fazenda, através da cultura microbiológica. Conhecer o agente de forma rápida é indispensável para o sucesso de qualquer programa de controle da mastite. A tecnologia acredita no empoderamento dos produtores, para que tomem decisões cada vez mais assertivas. O produtor em primeiro lugar, sempre.
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Autores do artigo:
Eduardo Pinheiro, Médico veterinário e Especialista em Pecuária Inovadora da Rúmina.
Raquel Maria Cury Rodrigues, Zootecnista e Especialista em Conteúdo da Rúmina.
Fontes consultadas:
- Reis, Nathan Felippe Fontoura; Ferreira, Fernanda Carolina; Diniz Neto, Hilton do Carmo; Sá, Hemilly Cristina Menezes de; Coelho, Sandra Gesteira. Farm microbiological milk culture: study case on cow performance, financial and economic aspects / Cultivo microbiológico de leite na fazenda: estudo de caso sobre desempenho de vacas, aspectos financeiros e econômicos. Ciênc. rural (Online) ; 52(11): e20210505, 2022.
- Santos, J. M. A., Pereira, E. da S., Silva, A. de S., Silva, A. G. C. V. M., Simplicio, K. M. de M. G., Campos, A. C., Campos, R. N. de S., & de Lima, P. R. B. (2022). Contribuição do sistema de cultivo microbiológico na fazenda (OnFarm®) no uso racional de antimicrobianos para mastite: um relato na bacia leiteira de Nossa Senhora da Glória – Sergipe / Contribution of the microbiological cultivation system to the farm (OnFarm®) in the rational use of antimicrobials for mastitis: a report in the dairy basin of Nossa Senhora da Gloria – Sergipe. Brazilian Journal of Development, 8(4), 29080–29089. https://doi.org/10.34117/bjdv8n4-412