Em tempos de homenagear as mulheres do Holandês, a equipe do JORNAL HOLANDÊS recebeu a foto da simpática Dona Joana Maria de Jesus – uma imagem que não precisa de texto para expressar o imenso amor pelo gado Holandês e que comprova que a paixão pelos animais transcende todos os tempos. Ela acabou de completar 93 anos e mostra que sua grande paixão é, sem dúvidas, as vacas de leite. Ao ser perguntada a que se deve sua longevidade ela determinada responde: ‘Bebo leite todos os dias’. Seu neto, o Médico Veterinário.Dr. Francisco Miguel Rocha Aguiar, conhecido como Chico, conta emocionado sobre a dedicação e força de sua avó e fala, na entrevista, sobre a fazenda, sonhos, sucessão familiar e a pecuária leiteira moderna. A fazenda Goiabeira é parceira e usuária do IDEAGRI.
“Tenho corno objetivo de vida construir um ambiente feliz para as pessoas envolvidas no negócio”, comenta Chico.
JORNAL HOLANDÊS: Como tudo começou?
FRANCISCO MIGUEL: Nossa família sempre esteve enraizada na atividade leiteira, a gerações e gerações… Fui praticamente criado na fazenda de meus avós em Rio Paranaíba. Um terreno que margeava a cidade. Lá, tirava leite na mão e levava na Iata, em uma carroça, até o laticínio na cidade. Era uma maravilha entregar o leite na lata. Com 17 anos fui estudar em Uberaba. De lá mesmo comecei a inseminar umas novilhas neloradas do meu pai, com sêmen de touro Holandês. Ao longo de 13 anos fizemos todo o rebanho sem comprar uma vaca. Exceto ano passado que felizmente comprei uma vaca de nosso amigo Eudes Braga. Com o passar dos anos, o gado foi se aproximando da raça Holandesa e hoje o nosso rebanho a quase 100% Holandês. A Fazenda Goiabeira, no Rio Paranaíba, possui gado de leite e corte, ocupa uma área de 273 hectares, com cerca de 400 animais de leite. Atualmente, a grande novidade na propriedade é a construção de um compost barn para 250 animais.
JH: Você concilia a Medicina Veterinária com a parte administrativa da fazenda?
FM: A faculdade foi minha base, atualmente sou o administrador da fazenda. Com o passar dos anos me envolvi em outras atividades agrícolas e hoje, praticamente, apenas observo outros colegas cuidando da reprodução, nutrição, entre outras atividades.
JH: Quais os pontos primordiais que o produtor deve sempre estar atento na propriedade?
FM: Acredito que a harmonia entre os setores da fazenda.
JH: Sua fazenda possui ações de sustentabilidade? Se sim, quais?
FM: Sim, temos uma reserva legal averbada na matrícula e dejetos devidamente manejados nas pastagens e área de café
JH: Você acha difícil investir em sustentabilidade? Ela pode ser rentável?
FM: Para mim é muito simples. Os dejetos das vacas valem dinheiro, não podemos jogar no meio ambiente por causa da contaminação, com isso transformo em adubo e estou aumentando minha receita. É economicamente e ambientalmente sustentável. Socialmente eu sempre penso nos funcionários e em seus sucessores e acredito que é a forma que temos como viver em harmonia, pensando no futuro das famílias que trabalham conosco. Não é só a parte financeira, pois ela na realidade é consequência. Eu sempre busco uma vida prazerosa. abençoada e que todos os envolvidos estejam felizes.
JH: Quais são as maiores dificuldades na hora de produzir leite?
FM: Não diria dificuldade, mas, sim nossa sina, que a manter a harmonia entre os colaboradores, ambiente e animais.
JH: Como superar os desafios?
FM: Formando continuamente as pessoas, cuidando delas com muita dignidade, delegando tarefas a checando o bom andamento diário das atividades previamente combinadas. Tenho como objetivo de vida construir um ambiente feliz para as pessoas envolvidas no negócio.
JH: Existe uma hora certa do produtor de leite investir?
FM: Continuamente… Sempre temos multo para melhorar.
JH: Você acredita que o leite está em crise?
FM: Recebi o mesmo valor por litro de leite que gastei para produzi-lo. Entendo que seja um momento difícil para todos nós, mas que tende a passar.
JH: Como você vê a sucessão familiar na pecuária leiteira?
FM: Tem que ser prioridade neste país! O êxodo rural sempre foi um problema, a atividade leiteira agrícola é muito importante na segurança nacional para produzir alimentos e na geração de emprego. Em geral, o jovem vai para a escola e lá aprende que tem de estudar multo para não voltar para a roça… É o que acontece. Na realidade, o bom é que ele estudasse para a vida, seja um advogado, médico, ou seja, para voltar para a fazenda, sempre com a ideia de agregar. Ele vê o pai, a mãe nas dificuldades do dia a dia, trabalhando 365 dias do ano sem feriado, sem descanso, é puxado e, em geral, o filho não quer continuar. Mas hoje, há uma legislação muito boa, que fala que o funcionário tem que trabalhar 44 horas semanal, com descanso, nós temos agora o compost barn que facilita muito, máquinas e equipamentos mais modernos. A visão do empreendedorismo é outra, o jovem tem que ser esclarecido, aprender que a atividade leiteira tem condições de ser mais agradável a prazerosa. Os jovens estudam e se preparam para a vida e quando tem aptidão para continuar na atividade rural ele vai agregar ainda mais, porque está jovem, buscando novas informações. Ele quer fazer a diferença!
JH: Muito se fala em pecuária leiteira moderna. O que seria?
FM: Gastar menos do que ganha, com ambientes controlados, sem problemas com barro, funcionários trabalhando com carga horária, tendo folgas, enfim todo mundo ganhando!
JH: Por que a região do Alto Paranaíba está em ampla ascensão?
FM: Muitos fatores nos privilegiam. Clima, localização, facilidade de alimento, assistência técnica e principalmente a necessidade de se manter na atividade. Ou seja, a inquietude humana de procurar se superar alada aos desafios impostos por diversos fatores, sejam eles mão de obra, mercado, tecnologias. etc…
JH: Você acredita que os serviços prestados pela Associação dos Criadores de Gado Holandês de Minas Gerais são importantes pare a fazenda?
FM: Associado há dois anos, logo realizei vários registros genealógicos, com isso tenho um trabalho de excelência genotípica dos animais da fazenda. No futuro pretendo realizar mais serviços. Atualmente os estorços estão voltados para a implantação do compost barn. E acredito que as serviço prestados pela Associação Mineira são primordiais para a evolução do rebanho. Conheço vários exemplos de sucesso na cadeia produtiva, de propriedades que investiram na raça Holandesa e a Associação Mineira foi a base desse processo.
JH: Quais os planos para o futuro?
FM: Ter animais cada vez mais produtivos!
O associado Chico conta um pouco a história da sua avó, a simpática Dona Joana Maria de Jesus, que aos 93 anos, mostra o seu amor incondicional pela vida… Pelos animais…E ama beber leite!!! | ||
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JH: Nos conte como é a Dona Joana na fazenda. |