Mastite Clínica e subclínica: entenda o que as diferenciam e suas principais características

Detectar a mastite no rebanho é tão importante quanto erradicá-la

diagnóstico de mastite

Para qualquer tratamento proposto – seja para prevenção ou para uma doença já instalada – é imprescindível uma correta detecção. Isso ocorre também com nós humanos: imagina sermos diagnosticados com uma enfermidade de maneira equivocada? 

Provavelmente o período que estávamos no médico, na farmácia e realizando exames foi desperdiçado, talvez façamos menos ou mais repouso do que o necessário, enfim, quando o norte para a solução não é preciso, sempre estaremos perdendo algo, como tempo, capital e outros recursos.  

Na fazenda, não é diferente! Despender uma energia extra para identificar corretamente a mastite – que continua sendo a principal doença nos rebanhos leiteiros e a que mais “pesa no bolso” do produtor – poupará futuros esforços para tratá-la e monitorá-la. É um passo que ajuda a simplificar, clarear e direcionar as ideias para as próximas ações.

 

A “exibida” mastite clínica 

Alterações visíveis no leite e nos tetos ou em ambos é característica do perfil de mastite clínica. Nesses casos, também podem ocorrer sintomas sistêmicos na vaca como: febre, prostração, desidratação, diminuição do consumo e queda na produção leiteira. 

Nos casos leves e moderados os sinais já podem ser visíveis na glândula mamária, que passa a apresentar em alguns casos inchaço e vermelhidão. No leite, presença de grumos, mudança de coloração, pus e sangue. 

Seu diagnóstico pode ser feito no momento da ordenha por meio do teste da caneca, que consiste na retirada dos três primeiros jatos de leite visando a identificação de alterações. Além disso, pode ser feito o exame físico do úbere para identificar se há presença de dor e endurecimento do quarto afetado apalpando o mesmo. Para quem trabalha no dia a dia com os animais, muitas vezes essas alterações são facilmente notadas já que a doença pode alterar o comportamento do animal (além das questões físicas mencionadas acima). 

 

Mastite subclínica: mesmo não vista à olho nu, ela pode estar presente 

Em contrapartida, a mastite subclínica se caracteriza por não implicar em alterações visíveis, seja no leite ou nos próprios quartos mamários. Mesmo não dando sinais aparentes, o leite perde em qualidade quando a vaca está acometida pela doença pois a sua composição é alterada: há redução nos níveis de caseína, lactose e gordura (importantes para a produção de derivados lácteos); aumento dos teores de cloro, sódio, proteínas do soro e na Contagem de Células Somáticas (CCS). 

Manejo de amostra para diagnóstico

O diagnóstico da mastite subclínica pode ser realizado pelo monitoramento da queda da produção de leite juntamente à utilização de testes auxiliares, sendo os principais: a Contagem de Células Somáticas (CCS), o California Mastitis Test (CMT), a condutividade elétrica e a cultura microbiológica do leite.

O emprego rotineiro da CCS indica a mastite subclínica e também é utilizada como critério de pagamento pela qualidade do leite. Para os produtores, a CCS pode ser usada como ferramenta de gestão e monitoramento e tem cada vez mais espaço dentro da fazenda leiteira. Ela está diretamente relacionada com oportunidades de redução de perdas de produção e maior remuneração do leite. 

Vacas sadias apresentam CCS inferior a 200.000 células/ml, portanto animais com valor superior a esse já são considerados positivos. Atualmente, grande parte dos laticínios coletam amostras de leite do tanque de expansão e mensuram a CCS periodicamente para fins de atendimento da legislação e bonificação. 

A CCS do tanque é capaz de representar a estimativa média individual das vacas, porém subestima a real prevalência de mastites subclínicas no rebanho influenciada pela CCS e produção individuais. Portanto, o ideal para um controle mais assertivo seria a realização mensal da CCS de cada um dos animais para a identificação da prevalência de mastite subclínica no rebanho.

 

CMT e condutividade elétrica 

O CMT é caracterizado pela agilidade no resultado e facilidade no manuseio. Para o teste, é utilizada uma raquete específica com quatro compartimentos correspondentes ao leite de cada um dos quartos mamários da vaca.  

As principais indicações para o uso do CMT são para selecionar os quartos mamários com CCS alta, diagnosticar mastite subclínica em vacas recém-paridas (5-7 dias de lactação) e para o monitoramento mensal da doença em casos de impossibilidade de realização da CCS individual.

No leite coletado (2ml) é aplicado um reagente (detergente aniônico neutro, também 2ml) e por meio de movimentos circulares com a raquete, a fim de misturá-los, se observa a formação ou não de um gel. O segredo é analisar – por meio de escores (negativo, traços, +, ++ ou +++), a viscosidade do gel quando ele surge. Os escores do CMT possuem uma boa correlação com a CCS do leite como pode ser conferido abaixo: 

ECS: escore de célula somática


Em vacas com mastite ocorre um aumento na concentração dos íons de sódio e uma diminuição na concentração do potássio e cloro no leite, alterando a condutividade elétrica. É por isso que esse também passou a ser um recurso para a detecção de mastite subclínica. Em um animal saudável a condutividade elétrica pode variar entre 4 a 5,5 mS/cm a 25°C e o aumento deste índice é proporcional ao aumento da CCS. 

Outros fatores como temperatura do leite, estágio de lactação, porcentagem de gordura, intervalo entre ordenhas, agente causador de mastite e raça podem também influenciar os valores. Atualmente esse método é frequentemente utilizado nos próprios equipamentos de ordenha por meio de sensores e programas de computador, o que faz com que cada vaca seja avaliada automaticamente. 

O uso da cultura microbiológica é indicado para os dois tipos de mastite 

A cultura microbiológica na fazenda é uma ferramenta possível de ser utilizada tanto em casos de mastite clínica como subclínica.

Vantagens para o controle da mastite clínica

Qual é o seu principal diferencial nos casos de mastite clínica? Além de uma tomada de decisão mais rápida (já que a identificação do (s) microrganismo (s) ocorre entre 18 a 24 horas após os casos clínicos de mastite, possibilita o uso racional de antibióticos já que o tratamento é direcionado para cada animal, inclusive, em cerca de 40% deles, nem é necessária a antibioticoterapia. 

Com isso, o resultado é a redução nos custos, no descarte de leite com resíduos de antibióticos e no risco de resistência antimicrobiana por patógenos causadores de mastite. Conhecendo o perfil dos patógenos na fazenda, é determinado onde está o maior problema: no ambiente? No manejo? Ou equipamentos? 

E as vantagens para o controle da mastite subclínica?

Na mastite subclínica, a cultura ajuda o produtor a agir em cima dos motivos pelos quais a doença está presente no rebanho, atuando também como uma ação preventiva. Uma outra rotina extremamente importante para ser incrementada na fazenda seria a realização de cultura microbiológica nos animais que aumentaram a Contagem de Células Somáticas (CCS) ou que apresentaram resultado positivo no teste de CMT, para sabermos o que há de errado com esse animal e podermos agir diretamente na base do problema.

Voltando ao que ressaltamos no início desse texto, independente do método escolhido, um correto diagnóstico de mastite é vital para as fazendas leiteiras. Então, mãos à obra! 

Sobre a OnFarm

A OnFarm traz uma solução simples, inovadora e única, que permite a identificação da causa da mastite em 24 horas, na própria fazenda, através da cultura microbiológica. Conhecer o agente de forma rápida é indispensável para o sucesso de qualquer programa de controle da mastite. A tecnologia acredita no empoderamento dos produtores, para que tomem decisões cada vez mais assertivas. O produtor em primeiro lugar, sempre. Para mais informações acesse: https://onfarm.com.br/ ou entre em contato no WhatsApp (19) 97144-1818 ou e-mail: contato@onfarm.com.br | Acompanhe nas redes sociais: Instagram | Facebook | LinkedIn | Youtube

 

Autoria do texto:

Raquel Maria Cury Rodrigues, Zootecnista pela Unesp de Botucatu.

Maria Clara Navarro, Médica Veterinária pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG) e Analista de Suporte na OnFarm.

 

Fontes consultadas:

Adição de CO2 melhora estabilidade do leite UHT, conclui estudo da FEA. Jornal da UNICAMP, Campinas, 17 a 23 de maio de 2010 – Ano XXIV – Nº 462. Disponível em: <https://www.unicamp.br/unicamp_hoje/ju/maio2010/ju462_pag09.php#>. Acesso em: 20/10/2021. 

FINCO, A. Cultura na fazenda: muito além da mastite clínica. Disponível em: <https://onfarm.com.br/cultura-na-fazenda-muito-alem-da-mastite-clinica/> Acesso em: 19/10/2021. 

GRANJA, B; SANTOS, M.V. A demora no início do tratamento de mastite clínica leve altera a chance de cura da vaca? Disponível em: <https://onfarm.com.br/a-demora-no-inicio-do-tratamento-de-mastite-clinica-leve-altera-a-chance-de-cura-da-vaca/> Acesso em: 19/10/2021. 

RYSANEK e BABAK. Journal of Dairy Research, v.72, p.1-6, 2005

SANTANA, H.L.S; LONGHI, R. Dispositivo de condutividade elétrica para detecção de mastite subclínica substitui o uso de CMT? Disponível em: <https://www.milkpoint.com.br/artigos/producao-de-leite/dispositivo-de-condutividade-eletrica-para-deteccao-de-mastite-subclinica-substitui-o-uso-do-cmt-208010/> Acesso em: 19/10/2021. 

SANTOS, M. V; FONSECA, L. F. L. Controle da Mastite e Qualidade do Leite: Desafios e Soluções. Pirassununga: Edição dos Autores, 2019. 301 p. 

SANTOS, M. V. Uso da condutividade elétrica do leite para a detecção de mastite. MilkPoint, 2005. Disponível em: <https://www.milkpoint.com.br/colunas/marco-veiga-dos-santos/uso-da-condutividade-eletrica-do-leite-para-deteccao-de-mastite-26525n.aspx> Acesso em: 17/10/2021. 

TONET, R.M; BANKUTI, F.I; DAMASCENO, J.C. CCS e CBT: influência no rendimento de leite e derivados. Disponível em: <https://www.milkpoint.com.br/artigos/industria-de-laticinios/a-vulnerabilidade-dos-padroes-de-qualidade-do-leite-e-a-relacao-entre-a-industria-e-os-produtores-218435/> Acesso em: 20/10/2021. 

 

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