Em rebanho leiteiros, as doenças metabólicas do período de transição vem ganhando cada vez mais importância no cenário brasileiro. A cetose subclínica e a hipocalcemia subclínica são exemplos de distúrbios que se destacam nesse período.
Estudos recentes demonstram que essas doenças têm causado prejuízos financeiros, produtivos e reprodutivos, e o pior, de forma silenciosa, já que seu caráter subclínico é mais prevalente que o clínico.
A cetose subclínica no Brasil, segundo (Souza et al. 2015), pode chegar a acometer 80% do rebanho leiteiro e a hipocalcemia subclínica pode chegar a acometer 50% do rebanho.
Os impactos gerados por essas doenças são extremamente relevantes, podendo afetar até mesmo a lactação seguinte.
Os custos associados às doenças incluem:
- o tratamento dos animais;
- o aumento do risco da ocorrência de doenças associadas (e o custo gerado com o tratamento das mesmas);
- a queda na produção de leite;
- a diminuição da performance reprodutiva;
- o aumento do risco de descarte dos animais nos primeiros 30 dias de lactação.
Alguns estudos demonstram que (GONZÁLEZ; CORRÊA; SILVA, 2014):
- um nível de corpos cetônicos circulantes acima de 1,6 mmol/L leva a uma queda de produção de 1,8 kg de leite por dia;
- vacas com mais de 1,8 mmol/L produzem 3 Kg a menos de leite por dia;
- vacas com mais de 2,0 mmol/L de BHB chegam a perder 4 Kg de leite/dia;
- as perdas na produção de leite podem chegar a 450 kg ao final de uma lactação.
Uma vaca com hipocalcemia subclínica (valores séricos de cálcio menor que 2,0mmol/L) tem : (Chapinal et al. 2011):
- 30% menos chance de emprenhar na primeira IA (inseminação artificial);
- 5x mais chance de desenvolver um quadro de cetose;
- 3x mais chance de deslocamento de abomaso;
- uma queda de até 2,6 litros de leite dia.
Em suma, conhecer o real status dessas doenças dentro do rebanho é crucial para o sucesso. A cada dia a evolução genética dos animais e o aumento da produtividade exige um cuidado muito maior por parte dos produtores e técnicos. Animais altamente produtivos trazem grandes desafios.
“A cetose e hipocalcemia são grandes desafios que deparamos no dia a dia da fazenda.
O monitoramento dessas doenças é possível com ferramentas práticas e portáteis. Obter esses indicadores são de grande valia para tomar decisões assertivas e reduzir substancialmente os prejuízos causado por esses distúrbios.
Nós da ECO Diagnóstica estamos contentes com a parceria com o IDEAGRI por disponibilizar uma plataforma para lançamento dos dados de cetose e cálcio gerado por nossos aparelhos Ca+Vet e Ketovet. Agora esses indicadores podem ser mais facilmente estudados e analisados.”
Bruno Machado Saturnino, Médico Veterinário
Gerente Linha Animais de produção ECO Diagnóstica
Referências bibliográficas:
Chapinal N., Carson M., Duffield T.F., Capel M., Godden S., Overton M., Santos J.E.P. & LeBlanc S.J. 2011. The association of serum metabolites with clinical disease during the transition period. J. Dairy Sci. 94:4897-4903.
González, F. H. D.; Corrêa, M. N.; Silva, S. C. (2014) Transtornos Metabólicos nos Animais Domesticos. 2. ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 155-167.
SOUZA, R.C. et al. Blood ketone bodies incidence and concentration from intensively housed early – lactation dairy cows in Brazil. Journal of Animal Science, Champaign, v.93, n. 3, p. 16, 2015.